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DA ESQUERDA – por Miranda Sá
Pintura “A liberdade guiando o povo”, de Eugène Delacroix. Representa a Revolução Francesa. Segundo o professor Florestan Fernandes, "a revolução burguesa democrática envolve rupturas e opções que a burguesia brasileira não pode e nem quis fazer. Porém, a sociedade brasileira não é mais uma sociedade tradicional, e as classes subalternas emergem na história com força e organização para levar a cabo uma revolução democrática que não foi feita. A democracia ao assumir contornos populares se liga ao socialismo". Essa posição o professor Florestan reclama das esquerdas. (Divulgação)
Colunistas, Política

DA ESQUERDA – por Miranda Sá

Por Miranda Sá

Herança ideológica da Revolução Francesa (1789–1799) atribui-se à Esquerda a posição das bancadas ocupadas pelos convencionais revolucionários, defensores de uma maior igualdade social e das liberdades democráticas. Distinguiam-se dos que se sentavam à direita, saudosistas da monarquia derrubada.

Os principais herdeiros da esquerda histórica foram os anarquistas e os sindicalistas revolucionários, e mais tarde, comunistas, socialistas, sociais democratas e trabalhistas, contrários às desigualdades sociais.

A Esquerda abrangeu também os movimentos sociais, pulverizando-se após a Revolução Russa, e foi do centralismo autoritário stalinista à sua maior falsificação, o populismo eleitoralista.

O termo “esquerda” atualmente, é o invólucro dos partidos populistas, que absorvem com oportunismo as manifestações populares espontâneas, como os movimentos pelos direitos civis, antiguerra, ambientalista, antirracista, anti-homofóbico e em defesa da mulher contra a violência doméstica e a discriminação no mercado do trabalho.

Este sistema que abrange diferentes posições políticas em relação umas às outras, traz o estabelecimento da burocracia partidária do populismo e o extremismo verbalizado – e apenas verbalizado – da “esquerda eleitoralista” – diferenciando a “esquerda” do “esquerdismo”.

A literatura marxista imprimiu o vocabulário leninista, apontando o esquerdismo como o revisionismo que adota um excessivo radicalismo; leva-nos à necessidade de um  estudo político-ideológico para distinguir a esquerda do esquerdismo. Ver, por exemplo, a obra “Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo”, de Lênin.

Vladimir Lenin discursa para camaradas durante a Revolução Russa. (Divulgação)

Uma visão superficial da teoria política sugere que quem leu o livro deveria revisitá-lo, e quem não leu, deveria lê-lo e comparar os seus conceitos com ideias atuais. Assim cotejando, observaremos a economia capitalista, e as especulações filosóficas atuais, fruto dos avanços científicos e tecnológicos.

Encontraremos dessa maneira as experiências das sociais democracias nórdicas e dos fragmentos propagandísticos deixados pela Guerra Fria influenciando os povos subdesenvolvidos. Este contexto nos leva a analisar as realidades nacionais.

As particularidades de cada Nação e de cada povo servirão, sem dúvida, para concluir como fez o economista Roberto Campos que verificando o desvio esquerdista do populismo na América Latina, escreveu: “O que os governos latino-americanos desejam é um capitalismo sem lucros, um socialismo sem disciplina e investimento sem investidores estrangeiros”.

Pela experiência com a conjuntura sócio-política brasileira, poderíamos acrescentar a este pensamento, o arrefecimento da esquerda entre nós, travestindo-a de populismo eleitoralista, deformidade que abandona a despe de princípios princípios, para defender ditaduras e agredir a livre expressão do pensamento; lembrando o que projeta John Henry Newman: “O mal prega a tolerância, até que se torne dominante. A partir daí, ele procura silenciar o bem”.

É por estas e muitas outras razões que defendo o centrismo contra a polarização das auto-assumidas direita e esquerda, apenas facções populistas. Acho preferível ver o embate mundial do capitalismo e do socialismo absolutos, e extrair disto as experiências positivas dos dois sistemas.

Já se encontram em cátedras universitárias mundo afora diversos economistas, filósofos e sociólogos que veem o confucionismo chinês ocupar o lugar do marxismo europeu e conciliar o conflito da polarização econômica mundial adotando um regime multiforme….

Observador que foi a realidade na sua época, Karl Marx possivelmente se estremece no túmulo, tendo acima de si do seu pensamento um mundo novo, cientifica e tecnologicamente diferente do que previu.

MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br

Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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