Por Miranda Sá –
“Que homem é um homem que não torna o mundo melhor?” (Do filme “Cruzada”)
O obsessivo negacionismo de Bolsonaro inspirado no seu ídolo Donald Trump sabota todos esforços para debelar a pandemia. Isto nos leva a pensar que se trata de uma cruzada do mal, levando-nos a recordar as cruzadas medievais organizadas para libertar Jerusalém dos muçulmanos.
Ficou notória a Primeira Cruzada, mobilizada por uma carta exortatória do papa Urbano II, atendendo a um apelo do Império Bizantino. Foi comandada em 1095 pelos nobres Godofredo de Bulhão e Balduíno de Bolonha.
Essa incursão para retomar a Terra Santa é descrita cruamente por sir Walter Raleigh na sua “História do Mundo”, registrando o fiasco do pretendido resgate do Santo Sepulcro.
Segundo o relato, a expedição reuniu mais de duzentos mil pessoas, bandos formados de criminosos soltos das prisões, egressos das galés, delinquentes de várias categorias e prostitutas, que eram liderados por aventureiros ávidos por violência e saques. Na massa desconforme havia exceções: participaram dela, além de nobres cavalheiros em busca da glória militar, piedosos sacerdotes cheios de fé.
Tal descrição nos leva a pensar como Victor Hugo, que avaliou: -“Deixemos à História as mentiras sublimes, não as discutamos; suas mentiras são melhores que a nossa verdade”. Acrescento, porém, que devemos observar as entrelinhas, lembrando que mesmo entre os maus, salvam-se alguns.
Garimpa-se na História da Primeira Cruzada a figura do seu adversário, o sultão Saladino, chefe militar curdo que dominava um grande império, da Síria ao Egito, e mantinha um cerco a Bizâncio.
Descreve-o bem o filme “Kingdom of Heaven” – “Cruzada” -, de 2005, dirigido por Ridley Scott no enredo que vai até à reconquista de Jerusalém pelo exército do Sultão, que além de admirável estrategista militar foi excelente administrador dos seus territórios e protetor da cultura islâmica; deixou entre os seus pensamentos um antológico: “Nunca esqueça: um homem é aquilo que faz”.
… E assim, pelo que fizeram os protagonistas da Primeira Cruzada, devemos estudar nos nossos dias o comportamento dos que, como nós, compõem a sociedade humana, principalmente daqueles que estão investidos de poder.
Estudar o que os homens fazem quando conquistam o poder é um mergulho fatal na História da Humanidade e, em particular entre nós brasileiros, onde um pouco de sinceridade é algo perigoso, e perfilar os mandatários pode ser fatal; tratando-se do capitão Bolsonaro vira crime, enquadrando o crítico na ditatorial “Lei de Segurança Nacional”….
Assegurar a verdade, porém, faz parte do espólio do Reino de Jerusalém, ou Reino Cristão de Jerusalém, parte da história protagonizada pelos Cavaleiros Templários, que até hoje provoca a curiosidade sobre os mistérios que envolvem a Ordem do Templo que fundaram.
Como sabemos, a Ordem dos Cavaleiros Templários nasceu no século 13, para garantir a segurança dos peregrinos cristãos que iam à Palestina visitar os lugares percorridos por Jesus Cristo. A sua formação militar e religiosa passou a ser também política, dividindo-se entre o ativismo orgânico e uma sociedade secreta de formação hierárquica, alimentando críticas ao papado, não aceitando Maria como “mãe de Deus”, mas como “mãe de Jesus”, e defendendo a pluralidade religiosa.
Herdeiros desta organização espalharam pela Europa círculos de obediência aos princípios éticos, principalmente a liberdade de consciência, o antidogmatismo religioso e a vigilância aos poderes constituídos.
Algumas ordens maçônicas tiveram origem na Ordem do Templo que foi presidida por Jacques de Molay, templário condenado à fogueira pela Inquisição. Vindas de Portugal, algumas dessas atuam no Brasil sem se comprometer com interesses pessoais ou grupistas, nem com os erros cometidos por quem ocupa eventualmente o poder.
Ainda hoje, pelo mundo afora, os herdeiros dos templários participam de uma Cruzada do Bem para criar um mundo melhor, lutando contra a covid-19 para salvar vidas; e, no Brasil, combatendo o negativismo patológico do capitão Bolsonaro, denunciando a picaretagem no Congresso Nacional e repelindo a intromissão do STF em casos que só a Ciência deveria se manifestar.
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e membro do Conselho Editorial do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo.
MAZOLA
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