Redação –
A crise entre o presidente Jair Bolsonaro e o PSL expôs mais uma vez as diferentes visões que os filhos Flávio e Carlos têm da política. Enquanto o senador Flávio, em reunião com aliados esta semana, pregou que os ânimos fossem acalmados antes de qualquer decisão sobre sair do partido, o vereador Carlos foi para as redes sociais jogar mais querosene ainda na fogueira que se formou em torno do Planalto e do Congresso: defendeu candidaturas independentes, ou seja, sem necessidade de filiação partidária.
As fivergências entre Flávio e Carlos no campo político estão aparecendo cada vez mais, e a candidatura do PSL à prefeitura do Rio é mais um campo de atrito.
CANDIDATURA – Enquanto o senador Bolsonaro dá força para a candidatura do deputado estadual Rodrigo Amorim, o vereador Bolsonaro trabalha para que o nome do partido seja outro, embora ainda não tenha deixado claro qual.
Ele não gosta de Amorim, que se notabilizou na campanha eleitoral por quebrar a placa da vereadora assassinada Marielle Franco. Dois parlamentares do partido— o deputado estadual Márcio Gualberto e o federal Luiz Lima — já se colocaram à disposição para disputar prévias.
Historicamente, os dois irmãos nunca estiveram afinados. A ponto de ficarem sem se falar durante boa parte da campanha para a prefeitura do Rio em 2016, quando Flávio, mais velho, lançou-se candidato contra a vontade do pai. Foi nessa época que rivalidade entre os dois se tornou mais visível.
TUDO EM FAMÍLIA – Com ciúmes da escolha de Flávio, de estilo mais moderado, Carlos, que na época tentava se eleger pela quarta vez para a Câmara Municipal do Rio, se recusou a distribuir material de campanha nas ruas em conjunto com o irmão.
Outro episódio gerou desentendimento na família em 2016. Em um debate na TV, Flávio passou mal e quase desmaiou. O deputado foi ajudado pela então candidata à prefeita Jandira Feghali, do PCdoB, que é médica, e agradeceu em nota oficial. Na internet, que na época começava a ser uma fortaleza de comunicação da família, foram feitos vários memes ironizando a ajuda de uma comunista a um Bolsonaro.
Influenciado pelo filho Carlos, Jair proibiu Flávio de postar mensagens na rede por cinco dias. Somente meses depois o clima na família voltou a ser pacificado após Flávio escrever uma carta pedindo a união dos três.
E O ZERO TRÊS? – Já o deputado federal por São Paulo e filho mais novo do presidente, Eduardo Bolsonaro, consegue ter boa relação com os dois irmãos, mas mantém a linha mais explosiva de Carlos.
Durante o segundo turno da corrida ao Planalto, uma frase sua sobre “fechar o Supremo Tribunal Federal com um cabo e um soldado” gerou a última crise da campanha de Bolsonaro. O atual presidente chamou a atenção de Eduardo, mas sem qualquer tipo de irritação. “Já adverti o garoto”, disse para a imprensa.
Fonte: O Globo, por Thiago Prado
MAZOLA
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