Redação

A CPI da Covid quer derrubar uma velha máxima do Congresso, a de que todo mundo sabe como começa, mas não como termina o trabalho de uma comissão parlamentar de inquérito. Ou seja, a CPI em curso, que tem como objeto a gestão da pandemia no País, já sabe onde, como e quando deve terminar, faltando “apenas” preencher (ou construir) o meio do caminho, que é documentar as omissões, o descaso e possíveis crimes do governo federal.

Se o roteiro soa um tanto previsível, o desfecho, porém, pode trazer grandes surpresas para o governo de Jair Bolsonaro…

RESPONSABILIDADE REAL – Se a CPI comprovar que Bolsonaro apoiou e atuou para algum tipo de imunidade de rebanho, incentivando, assim, a propagação do novo coronavírus, o presidente poderá, sim, ser responsabilizado pelas mortes de brasileiros.

Nessa hipótese, o desfecho pode transcender o âmbito nacional e ir além de um eventual pedido de impeachment, porque a imunização de rebanho seria caso para tribunais internacionais. Por isso, diferentemente do que Bolsonaro tem dito, a CPI preocupa o Planalto.

SEM ARGUMENTOS – Sem uma estratégia consistente até agora, o presidente tenta desmoralizar a comissão, ciente de que a construção do relatório final ganhou alicerces e alguns tijolos logo na primeira semana dos trabalhos.

Em live recente do grupo de advogados Prerrogativas, o relator Renan Calheiros deixou a impressão de que trabalha para construir um documento histórico poderoso e que está com “sangue nos olhos” por causa das ameaças constantemente recebidas.

Mas nem assim os governistas conseguem se entender para organizar uma defesa efetiva do presidente. Onyx Lorenzoni atropelou Flávia Arruda e Luiz Eduardo Ramos na articulação. O resultado foi um desastre completo. Perda total até aqui.


Fonte: Estadão