Por Iata Anderson –
Um fim de semana importante para o futebol mundial, com o encerramento da Liga dos Campeões, vencida pelo Real Madrid por 1×0, gol de Vinicius Jr, seu primeiro título, e Marcelo, recordista de troféus na história do clube merengue, que chegou a 25 taças, quinta da Europa, aumentando seu recorde.
Mais que um título, a constatação da supremacia do Real, uma estrutura fantástica, enraizada nas primeiras conquistas do primeiro time galáctico que tinha, por coincidência, um brasileiro formando no maior ataque de um time em todos os tempos, na Europa. Canario – ex-America – Del Sol, Di Stéfano, Puskas e Gento, uma máquina de fazer gols e ganhar títulos. Esses jogadores venceram as cinco primeiras Champions, de 1956 a 1960, perderam em 1961 e voltaram a ganhar na temporada seguinte, mantendo apenas Gento, único jogador a vencer seis vezes o principal torneio de clubes do planeta, recorde que poderá ser alcançado em 2023 por Marcelo, se for mantido, Modric, Kroos, Carvajal e Benzema, já que Bale será transferido, isso é certo. Importante nessa estrutura, a filosofia de formar jogadores – os canteranos – alguns campeões no sábado, como Carvajal, Nacho, Lucas Vázquez, Lunin e Fuidias (goleiros), Vallejo, Ceballos, Asensio, Mariano, Peter e Latasa, ambos do time Castilla, uma fábrica de talentos.
Além disso o clube investe em jogadores ainda juvenis, como Vinicius Junior, a maior transferência do futebol brasileiro, hoje com valorização acima de 2000%, uma das estrelas do time, Camavinga, comprado com 18 anos, Valverde, 21 anos, Rodrygo, 19, Casemiro e Marcelo, vendido pelo Fluminense com 18 anos, hoje recordista, contratado para substituir Roberto Carlos, que acabou virando lenda, capitão do time, um dos queridinhos da torcida. A frustrada contratação de Mbappé não mudou nada na vida do Real Madrid, que prepara a volta de Cristiano Ronaldo, esse sim, eternamente nos corações madridistas. Uma linda festa, muito bem organizada, parou Madrid neste domingo, para receber os heróis da 14ª Champions, desfilando até a praça Cibelles para oferecer a conquista á “Mãe dos Deuses” terminando com apresentação de todo o elenco e comissão técnica e encerrando com o capitão Marcelo oferecendo a taça aos torcedores que lotaram o Bernabéu. Haverá dispensas e contratações. Mesmo que seja vendido, Marcelo voltará ao clube, como Valdano, Raúl, Roberto Carlos, Figo, Gutti, Butragueño, hoje importante diretor e outros. Férias de verão para recuperação total e torcida para Benzema e Courtois, hoje o melhor goleiro da Europa, serem selecionados para a Bola de Ouro.
Hala Madrid.
Enfim, um grande Fla x Flu, mesmo com elencos tecnicamente limitados, e atuação sempre segura do Claus, o melhor árbitro brasileiro. Seguro, técnico, tem o jogo nas mãos, não permite blitz de jogadores nem reclamações acintosas. Não levanta jogador caído, não bebe água dos clubes, não separa “brigas”, fica fora, observando, e pune. Aliás, o que tem de “xerifes” dava para fazer 50 filmes de faroeste. Clássico não tem favorito, repito, não existe 4-1-4-1, fake fruto da imaginação de algum comentarista que nunca chutou uma chapinha sequer. Todos jogam um 3-5-2, variando para 4-3-3, dependendo da posição da bola. Nisso o Fluminense é muito superior ao Flamengo. Ataca em grupos, sempre sobrando alguém para tabelar, o que o Flamengo não faz, preferindo contra-atacar, mesmo tento apenas um jogador de velocidade, Bruno Henrique. Gabigol, Arrascaeta, Everton Ribeiro e Pedro, quando entra, são lentos, embora de boa técnica. Por duas vezes, Matheuzinho esperou muito tempo para fazer um arremesso lateral porque não havia nenhum jogador desmarcado, isso se treina. Visível, esse problema no Flamengo, que o Fluminense faz muito bem, além de se recompor defensivamente com velocidade.
Não vi falha na escalação de Yago Felipe pela esquerda, compondo a parte ofensiva, pois é um jogador de qualidade e força para atuar por ali. Já Everton Ribeiro, pela direita, não rende a mesma coisa. Aliás, nenhum jogador canhoto rende por aquela lateral, como um destro pela esquerda, mas os técnicos insistem. Se fizerem um scout apurado verão que o “custo benefício” não compensa, quando usado para fazer jogada de linha de fundo. Geralmente o “pé trocado” não funciona e são desperdiçados bons ataques. Como é “moda” vão ficando, até alguém mudar e o resto vem atrás. Gabigol não deveria continuar “buscando jogo”, como tem feito, pois não tem qualidades para isso, tem deficiência técnica e emocional. Precisa ser chamado para conversar, caso o Flamengo tenha alguém disposto a isso, o que parece pouco provável. Mais um cartão amarelo, três em oito rodadas, por reclamação, fora do próximo compromisso. Fala e reclama muito e joga pouco. Mais perto da área é um grande atacante. Noite das redenções, Andreas Pereira fez sua melhor partida desde a decisão contra o Palmeiras e Hugo a melhor atuação – melhor do jogo – desde que se tornou titular.
Que siga assim, é novo, e a seleção precisa de bons goleiros o Flamengo também, desde que Julio Cesar parou. Como não existe “justiça”- ouço muito isso – no futebol, o Mengão parece ter-se cansado de dominar o jogo e perder de 1×0 para o Flusão.
Mudou a tática, saiu na frente e acabou com a “escrita”.
IATA ANDERSON – Jornalista profissional, titular da coluna “Tribuna dos Esportes”. Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como as Organizações Globo, TV Manchete e Tupi; Atuou em três Copas do Mundo, um Mundial de Clubes, duas Olimpíadas e todos os Campeonatos Brasileiros, desde 1971.
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