Redação

Jair Bolsonaro ofereceu mais uma amostra de seu projeto para um segundo mandato. Nas recentes crises fabricadas pelo capitão, o governo voltou a ser uma engrenagem a serviço dos planos de expansão dos poderes do presidente, com o apoio de congressistas e militares bem alimentados pela máquina pública.

Bolsonaro sempre sonhou com uma autoridade sem limites. Ainda na campanha, falava em aumentar o número de cadeiras no STF para produzir uma maioria artificial na corte. Desde o início do governo, aparelhou órgãos de controle e trabalhou abertamente para emparedar um Congresso que o incomodava.

TEVE SUCESSO – As etapas iniciais do plano foram concluídas com algum sucesso. O presidente interferiu na Receita e na Polícia Federal para conter investigações contra seu grupo político, comprou uma base dócil de parlamentares, instalou um aliado na Procuradoria-Geral da República e deu assento no Supremo a dois ministros dispostos a seguir sua cartilha.

Essas manobras fizeram de Bolsonaro um presidente mais poderoso hoje do que em janeiro de 2019. Ele já deu todos os sinais de que pretende continuar no caminho do autoritarismo daqui por diante.

Nos últimos dias, o capitão concretizou sua ameaça de descumprir decisões do STF e voltou a falar em ignorar as eleições para permanecer no cargo em caso de derrota nas urnas.

GOVERNO FORTE – Nos dois lances, Bolsonaro contou com o apoio de um centrão engordado por verbas oficiais e de uma cúpula militar interessada em manter privilégios conquistados nos últimos anos.

A Câmara decidiu acomodar um deputado da tropa de choque golpista do presidente, enquanto as Forças Armadas passaram a agir como porta-vozes das articulações para melar a votação de outubro.

Os dois grupos devem ser a espinha dorsal de um eventual segundo mandato de Bolsonaro – seja ele conquistado nas urnas ou na marra. Com apoio no Congresso e nos quartéis, o presidente deve se sentir forte o suficiente para anular os últimos contrapesos do poder.

Fonte: Folha de SP


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