Redação

O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) afirmou nesta segunda-feira, dia 23, que não superou os desentendimentos com o ex-presidente Lula (PT), com quem se encontrou em setembro conforme revelou o Globo. Disse, porém, que a conversa serviu para a retomada do diálogo.

“Nós conversamos depois de quase dois de desentendimentos profundos. Não superamos os desentendimentos, mas restauramos o diálogo. Ele me convidou para conversar e acho que política a gente faz conversando, dialogando, mesmo que eu tenho entrado com as mesmas ideias e saído com as mesmas convicções e ele, certamente, entrou com as mesmas convicções que saiu”, afirmou Ciro, em entrevista à Rádio Jornal Pernambuco.

DIFERENÇAS – O pedetista ainda afirmou que a conversa serviu para tratar “as diferenças de forma franca, aberta, sincera, pensando na questão do Brasil”. O ex-ministro atacou o PT e principalmente a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff. Anteriormente, já havia afirmado que conversa serviu para lavar roupa-suja.

Para Ciro, Lula “impôs a Dilma para continuar mandando” e assim acabou criando as condições para que Jair Bolsonaro fosse eleito em 2018. “A Dilma, sem nenhuma experiência, se agarra na economia mais atrasada e a  corrupção generalizada, que infleizmente não dá para ser escondida, (o ex-ministro Antonio) Palocci era braço direito do Lula. Isso criou as condições no Brasil para o povo  por desespero, por raiva, por frustração, que eu compreendo com a minha alma, votar neste absurdo que está se revelando ser o Bolsonaro”, afirmou.

CHAPA – Indagado sobre a opinião do marqueteiro João Santana, revelada em em entrevista ao programa Roda Viva, de que uma chapa com Ciro e Lula de vice seria imbatível, o pedetista descartou essa possibilidade: “Isso não existe, o Lula é grande demais. O Lula deveria, se ele tivesse um pouco de grandeza, até em respeito a si próprio, guardar o lugar justo que ele tem na história. Um presidente que fez muita coisa pelo povo naquele momento, mas que errou profundamente na política, a ponto de ser ele a maior vítima”.

Ciro lembrou a prisão de Lula para exemplificar a consequência do erro político do ex-presidente. “Não tenho nenhum prazer em lembrar: o Lula foi bater na cadeia, com duas condenações, já vêm mais seis processos. E precipitou o país com a Dilma. Ele sabe. A Dilma não é uma pessoa desonrada, é uma pessoa séria. Nós aqui no Ceará demos dois terços do votos contra o impeachment, portanto não me meto nessa história de que a Dilma é uma corrupta, mas a Dilma desastrou o Brasil. Quando ela assumiu o desemprego era 4% quando saiu estava em 14%”, afirmou.

APOIO A BOULOS – O ex-ministro também falou sobre o seu apoio a Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno da eleição de São Paulo e a sua aparição no horário eleitoral do candidato ao lado de Lula, do governador Flávio Dino (PCdoB) e de Marina Silva (Rede). Na avaliação de Ciro, a união foi provocada não por Boulos, mas pela vontade de derrotar o governador João Doria (PSDB), padrinho político do prefeito Bruno Covas.

“Saiu que Boulos uniu toda esquerda e a centro-esquerda do Brasil. Isso não é verdade. Quem conseguiu unir todos foi o Doria. O Doria é um governador tão desastrado, tão reacionário, anti-povo,  anti-nacional, que há a necessidade mudar São Paulo, a bem do Brasil”, disse.

Ciro ainda avaliou que a eleição municipal foi marcada pela derrota do PT e do bolsonarismo. “Foi uma vitória importante desse campo que nega os extremos. O luopetismo corrompido e o bolsonarismo boçal foram varridos da vida brasileira nas grandes cidades”, destacou. No fim de semana, Ciro esteve no Recife para participar da campanha de João Campos (PSB), adversário da petista Marília Arraes no segundo turno da eleição da capital pernambucana.


Fonte: O Globo