Redação

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, decidiu nesta segunda-feira (25) impor sigilo no depoimento que será prestado pelo empresário  Paulo Marinho. O ministro atendeu a um pedido da Polícia Federal. Celso de Mello ainda negou acesso do senador Flávio Bolsonaro e dos seus advogados aos depoimentos do empresário e também de Miguel Ângelo Braga Grillo, em virtude do regime de sigilo.

A defesa de Flávio Bolsonaro pediu ao Supremo para acompanhar o depoimento, o que também foi negado.

NÃO PODEM ASSISTIR – Pela decisão, os advogados de Sergio Moro e a Advocacia-Geral da União, (AGU) que representa o presidente Jair Bolsonaro, também não vão poder acompanhar os depoimentos.

Na decisão, Celso de Mello afirmou que apenas o Ministério Público, “em sua condição de ‘dominus litis”, poderá acessar tais depoimentos, os respectivos termos e eventuais diligências de Polícia Judiciária subsequentes a tais declarações testemunhais.

O empresário será ouvido pela Polícia Federal nesta terça-feira, dia 26, por policiais e procuradores na superintendência da PF no Rio de Janeiro.

VAZAMENTO NA PF -Um dos principais aliados de Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018, Paulo Marinho disse ao jornal “Folha de S.Paulo” que Flávio Bolsonaro, filho do atual presidente, foi avisado com antecedência por um delegado da PF sobre a deflagração da operação Furna da Onça.  A operação levou à prisão de diversos parlamentares do estado do Rio, em novembro de 2018. A defesa de Flávio Bolsonaro nega a acusação.

O chefe do gabinete do senador, Miguel Angelo Grillo, também será ouvido na quarta-feira, dia 27, pela PF, em Brasília.

No pedido feito ao ministro Celso de Mello, relator do inquérito sobre a suposta interferência de Bolsonaro, a defesa de Flávio afirmou que Marinho já antecipou à imprensa o propósito de tentar de alguma forma incriminar o senador.

CASO MORO – A partir do depoimento do empresário, os investigadores vão avaliar se o caso tem conexão com as declarações dadas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro, sobre a suposta ingerência de Bolsonaro na PF, ou se deve ser apurado em outra frente de investigação.

Segundo Moro, uma das provas da tentativa de interferência de Bolsonaro na PF é a gravação da reunião ministerial de 22 de abril. Nesta sexta-feira, dia 22, Celso de Mello retirou o sigilo do material, e o conteúdo se tornou público.

Na reunião, Bolsonaro disse que gostaria de trocar a “segurança” no Rio de Janeiro e olhou para o então ministro da Justiça. Em depoimento, Sergio Moro disse que o presidente se referia à Superintendência da PF no estado. Bolsonaro, por sua vez, diz que se referia à segurança pessoal dele, não à Polícia Federal. Afirma também que a gravação da reunião mostra que ele não tentou interferir na corporação.


Fonte: G1