Por Amirah Sharif –

Direito dos Animais!

O congolês Moïse Kabagambe (foto abaixo), em 24 janeiro de 2022, espancado até a morte, próximo a um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, me lembrou a morte da cadela Manchinha, espancada até a morte por um segurança de supermercado, em novembro de 2018, em Osasco, São Paulo.

A psicanalista Vera Iaconelli, doutora em Psicologia pela USP e diretora do Instituto Gerar nos alerta: “Qualquer forma de crueldade contra seres vivos é injustificável e deve ser condenada em todas as instâncias.”

Ela explica que o valor de uma vida humana, de um animal e até de uma planta vai mudando ao longo da história e estamos em uma época de amplo debate sobre a crueldade dispensada aos animais, incluindo os criados para abate e os utilizados em testes de laboratório. A isso se junta, segundo a psicanalista, o fato de os seres humanos estarem num alto grau de intolerância entre si, mesmo diante das dificuldades e histórias de vida.

Justa homenagem

Após dois anos da morte de Manchinha (foto abaixo), a cachorrinha ganhou uma estátua em sua homenagem no Pet parque da cidade de Osasco, em São Paulo.

O monumento foi inaugurado em 28 de novembro de 2020 e foi idealizado pelo Instituto Manchinha, uma ONG que atua na defesa dos direitos dos animais, que arcou com os custos da estátua.

O Caso Manchinha

A cachorrinha Manchinha escolheu o entorno de um supermercado em Osasco, São Paulo, para ser seu lar. Depois de um mês vivendo na região, um segurança do estabelecimento sem motivo algum resolveu matá-la a golpes de barra de ferro.

A rede de supermercados assinou um acordo com o Ministério Público de São Paulo e foi obrigada a pagar R$ 1 milhão a um fundo dedicado à causa animal, criado pela Prefeitura de Osasco.

Por quê?

O caso Manchinha é um dentre tantos que de tão bárbaros só conseguimos ler os títulos. Eis alguns títulos de matérias deste ano que não consegui ler:

Polícia investiga morte de cachorro por envenenamento em Alambari.

Justiça decreta prisão de homem que sufocou cachorro até a morte em clínica veterinária em Maceió.

Funcionário de pet shop é preso após morte de cachorro deixado para tosa.

Servidor suspeito de espancar cachorro até a morte em Rio Grande é afastado pela prefeitura.

E por assim vai…

A psicanalista Vera Iaconelli explica que os animais, especialmente os cães, possuem uma relação completamente desigual com o ser humano. “O cachorro não te critica. Você chuta ele, mas ele volta. As pessoas estão muito intolerantes umas com as outras e vão tendo com o cachorro uma relação de espelhamento e de conforto narcísico e psíquico. O cachorro é capaz de aceitar tudo”.

Sim, é verdade, o cachorro é capaz de aceitar tudo e é, por essa razão, que nós, protetores, existimos.

Cidade maravilhosa?

O congolês Moïse foi espancado até a morte após pedir diárias atrasadas no quiosque da Barra da Tijuca, onde trabalhava. E, com isso, concluo que o Rio de Janeiro NÃO continua lindo, a cidade NÃO é mais maravilhosa e não encontro mais para um bate papo carioca a tal Humanidade.

Caminhemos…

AMIRAH SHARIF é jornalista, advogada, protetora dos animais e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. asharif@bol.com.br


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