Redação –
O casamento com o Centrão, bloco informal de partidos de centro e direita, levou Jair Bolsonaro a alcançar, no Congresso, a maior média de votos de um presidente da República nos últimos dez anos. É o que aponta o recém-criado Índice Congresso em Foco (ICF), novo instrumento do Farol Político, publicação semanal de análise política deste site. Como cortesia, acesse gratuitamente a nova edição do Farol, lançada na última sexta.
Bolsonaro mobilizou no primeiro semestre de 2020, em média, 276 votos. Algo que nenhum dos seus antecessores conseguiu na última década. No último ano do governo Lula, essas médias estiveram em 187 e 184 votos no primeiro e no segundo semestre, respectivamente. No seu ápice, a ex-presidente Dilma Rousseff mobilizou, em média, 267 votos. Já Temer, no seu melhor momento, o primeiro semestre de 2017, mobilizou em média 241 votos. Os números representam a divisão do total de votos de acordo com orientação do governo pelo total de votações.
Governabilidade
O ICF também mede o percentual de governabilidade, ou sustentabilidade legislativa, do Poder Executivo, fator importante no regime do presidencialismo de coalizão. Bolsonaro assumiu com índice pouco acima da metade (0,51 para o primeiro semestre de 2019, em escala de 0 a 1), quando ainda se afirmava um governo sem concessões e uma base aliada definida, ao contrário de seus antecessores.
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Em 2020, o ICF de Bolsonaro subiu, o que encontra explicação em seu movimento de aproximação com o Centrão e com o jeito brasileiro de governabilidade tradicional. No primeiro semestre deste ano, seu ICF médio foi de 0,67, o terceiro maior índice da série histórica (Dilma teve 0,69 no segundo semestre de 2011 e 0,7 no segundo semestre de 2013).
Para chegar ao ICF, são identificadas todas as votações nominais no plenário em que ficou registrada a orientação do governo e é medida a quantidade de votos em conformidade com essa orientação. O índice varia entre 0 e 1, sendo 1 a totalidade de votos conformes à orientação do governo.
Entre agosto e dezembro de 2019, o índice de governismo de Bolsonaro caiu. Naquele momento, sua plataforma antipolítica tradicional atingia o auge, com episódios como o rompimento com o seu partido (o PSL), o ataque a instituições, como o Supremo Tribunal Federal e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), as palavras do deputado Eduardo Bolsonaro em favor do AI-5 e a participação do presidente em diversas manifestações antissistema.
No sistema do presidencialismo de coalizão, a quantidade de apoios que o chefe do Poder Executivo consegue mobilizar no Congresso é uma variável central. Analisando esse elemento, pode-se compreender parte relevante da política nacional nos últimos anos.
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Fonte: Congresso em Foco
MAZOLA
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