Redação

O presidente Jair Bolsonaro aproveitou a agenda desta quinta-feira (27/5) na Guarnição Militar de São Gabriel da Cachoeira (AM) para fazer um discurso eleitoral a integrantes das Forças Armadas. Na sua fala, o chefe do Executivo disse aos militares que é preciso “consciência” na hora das eleições presidenciais do ano que vem.

Na sua fala aos militares, Bolsonaro até declarou que “ninguém está aqui para fazer discurso político”, mas na sequência destacou que “nós somos seres políticos”. “Se temos essa oportunidade e Deus deu essa missão para nós, vamos aproveitá-la, no bom sentido”, comentou o mandatário.

MELHOR E PIOR – “Na política, estamos polarizados. Cada um pode fazer o seu juízo de quem é o melhor ou quem é o menos ruim. Mas eu duvido que, no fundo, quem porventura fizer uma análise do que aconteceu no Brasil nos últimos 20 anos, eu duvido que essa pessoa erre o ano que vem”, destacou Bolsonaro.

Os comentários do presidente foram divulgados nas páginas dele nas redes sociais. Bolsonaro buscou agradar os representantes das Forças, dizendo que “temos um governo que acredita em Deus, deve lealdade ao seu povo e respeita os seus militares”.

“Vocês militares são respeitados e têm importância enorme no destino do Brasil. Acredito em vocês, acredito em Deus e no futuro da nossa Pátria. Muito obrigado a vocês por existirem. Contem com o governo que quer o melhor para o seu país”, destacou Bolsonaro.

MINISTRO E COMANDANTE – Dentre os militares que acompanhavam Bolsonaro, estavam o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e o comandante do Exército, general Paulo Sérgio de Oliveira. Eles se reuniram para decidir qual deve ser a punição ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello pela participação do general em ato político pró-Bolsonaro no último domingo (23).

O Estatuto Militar e o Código Disciplinar do Exército proíbem que integrantes da Força participem de manifestações políticas.

A punição pode ser de vários graus: da advertência verbal à prisão por até trinta dias, passando por uma repreensão registrada. Há, no entanto, uma brecha na lei que permite revogar a pena, ao fim das investigações. Caso seja considerada excessiva ou injusta, a punição aplicada pode ser “anulada, relevada ou atenuada” por autoridade superior. Neste caso, a tarefa caberia apenas a Bolsonaro. Porém, os generais argumentam que os recursos e pedidos de reconsideração só podem chegar até o comandante e devem ser analisados apenas por ele.

DESGASTE POLÍTICO – A chegada de Paulo Sérgio como comandante do Exército foi precedida de um desgaste de viés político entre Bolsonaro e a corporação. Uma série de militares de alta patente apontou o descontentamento do presidente com o então comandante, Edson Pujol, como motivo para a demissão do general.

Pujol não cedeu às investidas de Bolsonaro e aos pedidos de engajamento da tropa no governo, em que pese a escancarada participação de militares da ativa em cargos políticos.


Fonte: Correio Braziliense