Redação

O presidente Jair Bolsonaro recebeu no fim da manhã desta segunda-feira no Palácio do Planalto os ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes, que fazem parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o TSE, o encontro durou cerca de dez minutos.

Moraes tem sido um dos principais alvos de críticas de Bolsonaro ao longo do seu mandato, em razão de decisões tomadas pelo ministro em inquéritos que investigam o presidente e seus apoiadores.

CONVITE PARA POSSE – Fachin e Moraes foram ao Planalto entregar o convite para participar da cerimônia, a ser realizada este mês, em que eles vão tomar posse respectivamente como presidente e vice-presidente do TSE.

Em discurso no Sete de Setembro do ano passado, Bolsonaro chamou Moraes de “canalha”, afirmou que ele deveria “pegar o chapéu” e deixar o STF e disse que não mais cumpriria decisões do ministro. Depois da repercussão do caso, ele ensaiou um recuo, com a intermediação do ex-presidente Michel Temer. Foi Temer quem indicou Moraes para o STF.

Meses depois, Bolsonaro deixou de cumprir uma ordem judicial de Moraes ao não prestar depoimento na Polícia Federal marcado para ocorrer em 28 de janeiro de 2022. Nesse caso, ele era investigado por divulgar informações sigilosas de um inquérito que apurava um ataque hacker ao TSE.

URNAS ELETRÔNICAS – Na época, o objetivo de Bolsonaro foi atacar a credibilidade do sistema de votação eletrônico, embora não houvesse relação do ataque com o funcionamento das urnas. Em 2 de fevereiro, a PF entregou seu relatório à PF concluindo que Bolsonaro cometeu crime nesse caso.

CRÍTICAS NO TSE – Na segunda-feira passada, dia 2 de fevereiro, na primeira sessão do ano, o atual presidente do TSE, o ministro Luís Roberto Barroso, criticou Bolsonaro em razão do vazamento de dados. Segundo Barroso, a atitude de Bolsonaro expôs dados que ajudam “milícias digitais e hackers” que queiram invadir o sistema do TSE.

O presidente tem uma agenda cheia nesta segunda-feira. Antes de receber os dois ministros do TSE, deu uma entrevista para um canal de TV, teve reunião com o advogado-geral da União, Bruno Bianco, depois com a presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ministra Maria Cristina Peduzzi, e mais uma com o ministro da Defesa, Braga Netto, e o alto comando das Forças Armadas

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REUNIÃO FOI PROTOCOLAR E SEM SINAIS DE TRÉGUA

Por Bela Megale, via O Globo

O encontro do Bolsonaro com os ministros Alexandre de Moraes e Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é apontado por magistrados da corte como uma agenda protocolar e que não traz qualquer sinalização de trégua em meio às tensões entre o presidente e o judiciário.

Ministros relataram à coluna que a entrega do convite em mãos a Bolsonaro para que participe da cerimônia de posse da nova gestão do TSE é “prova de uma relação civilizatória”.

Esta manhã, Bolsonaro recebeu Moraes e Fachin no Palácio do Planalto. Moraes é apontado pelo próprio presidente como seu algoz. Quando decidiu não depor à Polícia federal, há dez dias, por determinação do ministro, Bolsonaro afirmou a aliados que o magistrado dá à Presidência da República um “tratamento que nunca deu nem a traficante de drogas” e que quer “botar fogo no Brasil e depois colocar a culpa em mim”.

HÁ PRECEDENTE – Esse não é o primeiro encontro de Moraes e Bolsonaro em meio a momentos de tensão. No fim do ano passado, os dois se encontraram na sala de lanche do STF durante a posse do ministro André Mendonça.

Nesta manhã, alguns integrantes do governo ainda se questionavam se Fachin e Moraes iriam até o Palácio do Planalto, mas a agenda acabou confirmada. Membros do governo têm aconselhado fortemente Bolsonaro a manter uma relação pacífica com o Judiciário, especialmente neste ano, por ser ano de eleições. Todos sabem, porém, que Bolsonaro é imprevisível.

Há dois anos, quando Luís Roberto Barroso e Fachin assumiram a corte eleitoral, os dois também visitaram Bolsonaro para lhe entregar o convite da cerimônia de posse. Essa entrega é sempre feita em mãos ao presidente.

Fonte: O Globo


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