Por Sérgio Cabral Filho –
O desemprego no Brasil chegou ao seu menor patamar em mais de 10 anos, 6,8%. Uma notícia para ser celebrada.
Entretanto, temo pelos que moram nas regiões metropolitanas de nosso país, na luta desigual por uma vaga de trabalho. A maioria dos trabalhadores mora distante do seu local de trabalho. O custeio do transporte do empregado é uma obrigação do empregador. A maior parte das vagas de trabalho no Brasil é gerada por micro, pequenas e médias empresas. O custo do deslocamento do trabalhador pesa no critério de escolha do patrão.
No Grande Rio, por exemplo, uma trabalhadora de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ou um trabalhador de São Gonçalo, no Leste Fluminense, ao disputar uma vaga de trabalho na capital, larga em desvantagem por custar muito mais para o empregador. Entre um bom cozinheiro morador da capital e um outro do mesmo naipe de outra cidade vizinha, não há dúvida que o primeiro candidato vencerá a disputa.
Daí que, em 2009, aprovamos a primeira política no Brasil de apoio à mobilidade dos moradores dos 20 municípios do Grande Rio. Criamos o Bilhete Único Intermunicipal.
O BUI existe até hoje. Sobreviveu! Não parou como o Teleférico do Alemão, as UPPs, o Renda Melhor e tantas outras conquistas que não foram levadas adiante pelo meu sucessor. O BUI já não tem a mesma potência de subsídio do meu período, mas ainda é muito importante no deslocamento de milhões de pessoas da região metropolitana.
Conseguimos alcançar a menor taxa de desemprego entre todas as regiões metropolitanas do país, durante meus 8 anos. Sem dúvida, o BUI foi essencial para isso.
Sugiro ao presidente Lula e ao ministro Haddad um estudo do custo mensal do deslocamento dos trabalhadores das regiões metropolitanas. Creio que um esforço conjunto do governo federal e dos governos estaduais pode gerar grandes resultados para os trabalhadores das regiões metropolitanas do país.
Lula e Haddad, façam a experiência em uma região metropolitana do país. Verão que o investimento é baixo, perto do grande resultado de empregabilidade. O projeto agrada empregados e empregadores. O governo federal deve pegar na mão dos governos estaduais e juntos construírem o programa de acordo com os modais da região metropolitana de cada estado, suas características e a lógica do deslocamento dos seus moradores.
O resultado será a sustentação das taxas baixas de desemprego na região metropolitana. Claro que a manutenção da taxa baixa de desemprego depende de macro políticas econômicas. Mas essas Lula e Haddad estão dando conta com êxito.
Aqui no Rio, subsidiamos o deslocamento em ônibus, vans legalizadas, trens urbanos, metrô e barcas. Aliás, a operação de barcas Rio-Niterói e Rio-Paquetá era a maior do ocidente em nosso período. O metrô e os trens transportavam o dobro do número de passageiros atuais. Renovamos a frota de trens do Rio e dobramos a extensão do metrô subterrâneo da cidade.
Não é concebível o custo do transporte metropolitano no Brasil. Os micro e pequenos empreendedores não suportam o seu custo. Os trabalhadores não aguentam pagá-lo. Daí que as ocupações precárias se espalham sem nenhuma infraestrutura, pois as pessoas querem morar próximas ao mercado de trabalho.
As pessoas no Brasil urbano gastam horas e horas dentro de transportes precários, demorados e ineficientes. Além disso, deixam de dormir melhor, comer melhor, conviver com seus familiares e amigos, enfim, viver!!!
A forma do poder público combater o “mal estar” da vida nos conglomerados urbanos é buscar dar o conforto mínimo aos seus moradores naquilo que só o poder público pode fazer. Transporte de massa é subsidiado no mundo inteiro.
Precisamos compartilhar esse subsídio com politicas criativas para os que mais precisam, os moradores da região metropolitana do Brasil.
SÉRGIO CABRAL FILHO – Jornalista e Consultor Político da Tribuna da Imprensa Livre.
Instagram @sergiocabral_filho
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