Por Vivaldo Barbosa –

Os estadistas, os homens públicos de visão superior enxergam ao longe e percebem os interesses dos países na frente de todos. Basta nos lembrar de De Gaulle lutando pela defesa da moeda da França contra o predomínio do dólar. De Gaulle chegou a pedir a retirada das tropas americanas em solo francês, ali estacionadas desde a libertação da França em final de 1944. Ao que o Ministro americano respondeu magistralmente: então vamos retirar os mais de 100 mil corpos dos soldados americanos sepultados em solo francês.

Brizola resumia os dramas e toda luta dos países do Terceiro Mundo na sua insistente e reiterada pregação: temos que estancar as perdas internacionais. Agora, Lula aponta o dedo para a questão central de tudo isto: precisamos comercializar em nossas próprias moedas e deixar o dólar de ser a moeda única internacional.

Já se comenta por aí que o predomínio do dólar surgiu a partir dos desdobramentos dos acordos de Breton Woods, hotel no Estado Americano de New Hampshire, ao norte de Nova Iorque e Boston, onde se reuniram financistas, economistas e representantes de diversos países, próximo ao fim da II Guerra, para definir as regras a serem seguidas em um novo sistema financeiro para o mundo.

Prevaleceu o projeto americano – os Estados unidos eram a maior economia do mundo desde a Primeira Guerra Mundial e o país no Ocidente que mais havia participado da Guerra em armamentos e demais envolvimentos. Keynes, o maior economista do mundo, foi contra e apresentou um plano que ele denominou de BANCOR, moeda e lastro para definir as relações financeiras entre as nações. Keynes percebeu o que aconteceria em seguida e queria um sistema de mais equilíbrio entre a economias de todos os países. Desde o final da I Guerra, Keynes havia previsto que, com o dinheiro que os Estados Unidos haviam colocado na Europa durante o conflito, eles passariam a ditar os rumos das finanças e da economia no mundo. Os acordos de Breton Woods vieram a confirmar.

O que restou foram os países do Terceiro Mundo cheios de dívidas para Estados Unidos e países europeus, dividas exorbitantes, juros exagerados. As matérias primas que exportam são fixadas nos centros americanos e europeus, nas bolsas de Chicago, Londres, Frankfurt ou Rotterdam. E importam produtos industrializados, resultantes das suas próprias matérias primas com preços bem mais elevados. Os navios levam matérias primas pelos mares e trazem produtos industrializados nos navios e aviões, todos de empresas deles. Os países centrais fazem o comércio, industrializam e transportam.

Tudo acontece com enormes perdas internacionais. Como Brizola tinha razão!

Agora Lula também tem razão ao procurar fugir do dólar e busca levar os países a comercializar com suas próprias moedas.

Estancar as perdas e ter autonomia monetária é exercício de soberania.

VIVALDO BARBOSA é do Movimento O Trabalhismo. Integra o Comitê BrizoLula, no Rio de Janeiro. Foi deputado federal Constituinte e secretário da Justiça do governo Leonel Brizola, no RJ. É advogado e professor aposentado da UNIRIO.

Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


PATROCÍNIO


Tribuna recomenda!