Por Luiz Carlos Prestes Filho –
Marcelo Maywald, candidato a vereador nas eleições 2020, nasceu e sempre morou na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. Casado, católico e Bacharel em Direito, é filho de Gilson Maywald e da Leila do Flamengo, Maria Maywald, vereadora eleita com cinco mandatos na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Luiz Carlos Prestes Filho: Como você vê a cidade do Rio de Janeiro no contexto dos outros 91 municípios do Estado do Rio de Janeiro?
Marcelo Maywald: Além de capital do Estado homônimo, nossa Cidade Maravilhosa é sem dúvida a cidade mais conhecida no exterior e o maior destino turístico internacional no Brasil. O Rio é mola propulsora da economia do Estado e um dos principais centros econômicos e financeiros do país, tendo como sede muitas das principais empresas brasileiras. Extrapola a influência econômica e é referência política também. A importância da nossa metrópole é inquestionável no cenário estadual e nacional.
Prestes Filho: As políticas de Meio Ambiente deveriam orientar as políticas de Turismo, Cultura e Desenvolvimento Econômico?
Marcelo Maywald: Ao longo dos 20 anos em que atuei na administração pública, grande parte das ações que coordenei e participei foi com foco no ordenamento urbano e no meio ambiente. E se a cidade falha nestes quesitos, o turismo é afetado, ainda mais o Rio que recebe visitantes o ano todo. Revitalizamos dezenas de praças, áreas verdes, parques e impedimos o crescimento desordenado de construções irregulares erguidas em área de proteção ambiental e de risco, inclusive com operações de derrubada dessas construções. Atuei nisso diretamente. Não cuidar do meio ambiente tem seus desdobramentos negativos, menos turistas, menos receita.
Prestes Filho: Você entende que um vereador deve ter atuação distrital? Apesar do Rio ser a Capital, é importante valorizar o bairro, a praça, a rua?
Marcelo Maywald: Defendo o voto distrital, mas isso não significa virar as costas para demais regiões. Existem eleitores de todas as partes que deram seu voto. Mas é fundamental o voto distrital. Nasci, sempre morei e conheço a Zona Sul. Atuei muitos anos como administrador regional, subprefeito e superintendente da região. Conheço cada bairro, seus problemas e percorri cada ponto da região. Não há dúvida que se você viveu e vive o dia a dia do bairro, você consegue desenvolver um trabalho com muito mais eficiência em prol da população local. Também, sei que terei a enorme responsabilidade de continuar o legado histórico da minha mãe, Leila do Flamengo.
Prestes Filho: Qual a importância dos bairros que você representa para a cidade? O desenvolvimento econômico e a geração de trabalho e renda podem ser potencializada nesses bairros?
Marcelo Maywald: Sendo um cartão postal e uma região turística, cada bairro da Zona Sul têm sua peculiaridade. Uns tem a densidade maior e um comércio pulsante, mesmo que informal, como Copacabana. Outros têm suas área verdes a serem preservadas. Um trabalho que fizemos ano passado foi o de mapear, organizar e regularizar quem trabalha com as atividades esportivas na orla da Zona Sul, seja ela praia, lagoa e Parque do Flamengo. Assim impulsionando ainda mais o desenvolvimento econômico e potencializando novas formas de renda. Cada um dos bairros tem uma demanda específica e vamos cirurgicamente continuar focando nelas com a experiência que acumulei atuando tanto tempo nesses bairros.
Prestes Filho: As políticas de controle da ocupação do território da cidade estão adequadas e atualizadas? Existe uma forma de impedir novas invasões? Como?
Marcelo Maywald: Essa é uma questão difícil. Todos nós conhecemos os problemas. Falta de moradia, construções irregulares em área de risco e encosta e suscetível a desabamento, especulação imobiliária em comunidades explorada por outros poderes, e nesse caso não por falta de moradia, mas visando apenas lucro financeiro. Entra aí uma política de Segurança Pública que possibilite uma fiscalização segura e eficaz do poder público que garantam aos órgãos de fiscalização fazerem seu trabalho ordenando essa áreas. Sem isso o problema da ocupação irregular continuará a ser uma bola de neve.
Prestes Filho: Como você vê a política municipal atual? Como pretende legislar? Quais prioridades?
Marcelo Maywald: Atuei 20 anos no Município, sei das dificuldades que os governantes têm em disponibilizar recursos e colocar em prática muitas coisas. Não é fácil, ainda mais no Rio, onde tudo tem uma grande dimensão e repercussão enorme. Conseguimos muitas realizações no tempo em que atuei na administração pública, mas ainda há muito a ser feito. O Rio vive há algum tempo momentos conturbados em sua política, tanto o Município quanto o Estado. O importante como vereador é continuar o foco de legislar em prol da população, sem radicalismo, fiscalizar e cobrar da administração pública as melhorias que os moradores desejam. Persistir em um trabalho de transparência e responsabilidade.
Prestes Filho: Quais suas propostas para saúde e educação? O município estava preparado para enfrentar a pandemia da Covid 19?
Marcelo Maywald: Eu acho que o mundo não estava preparado para a pandemia. Foi um rolo compressor. Fiquei dias e noites nas ruas com equipes de higienização desinfetando as principais vias dos bairros, praças, parques, estações de metrô e entrada dos hospitais, como uma das medidas para evitar o contágio pelo coronavírus. Uma ação importante foi as ações de acolhimento das pessoas em situação de rua nesta pandemia. Pessoas que não tinham como fazer o isolamento social, devido sua condição. A questão da assistência social é fundamental. É uma pauta de Saúde Pública. Temos que focar nisso. Dentre as questões de educação está a conservação das escolas municipais na área da 2ª Coordenadoria Geral de Educação (2ª CRE), o trabalho nas escolas municipais da Zona Sul e implantação de wifi nas escolas.
Prestes Filho: Como melhorar a infraestrutura de transporte e fortalecer as políticas de Segurança?
Marcelo Maywald: Apoio as forças de Segurança Pública, principalmente luto pela expansão do Programa Segurança Presente, que já existe em alguns bairros e em outros não, como a Urca. Conseguimos a criação do Aterro Presente e do Botafogo Presente, por exemplo. Em alguns que já contam com o programa, deve ser expandido para outros trechos dos bairros que não estão incluídos no perímetro de patrulhamento. Conseguimos isso com o Laranjeiras Presente, abraçando parte do Flamengo. Implantação de câmeras de segurança também é importante em alguns pontos dos bairros. Entre as propostas para o transporte está a criação de uma linha de ônibus integração do metrô para o Leme.
Prestes Filho: Quais iniciativas suas estão voltadas a Melhor Idade, para índios (Aldeia Maracanã) afrodescendentes, LGBTS?
Marcelo Maywald: Tenho a ideia de reforçar projetos de academia a céu aberto, retomar o projeto dos aulões das praias e praças, dentre outros. Lutar pelos direitos de saúde e respeito para com a cultura indígena, que sustentam todas as nossas raízes. Pretendo insistir na luta para criar melhores condições de vida para as minorias que ainda sofrem com barreiras à participação igualitária em diversos campos sociais. Incentivar movimentos de rodas culturais, oficinas de música, programas de inclusão no mercado de trabalho, dentre outras.
Prestes Filho: O Meio Ambiente está na sua agenda?
Marcelo Maywald: Com certeza vou continuar a defender o Meio Ambiente, criando leis de zoneamento e de preservação, cobrando ações de fiscalização do Poder Público para impedir a proliferação do desmatamento e construções irregulares, que também colocam em risco a vida das pessoas. A volta do Pouso em algumas áreas como na Comunidade Tabajaras, por exemplo é importante. Tenho como proposta prosseguir com o Projeto de Recuperação e Despoluição da Lagoa Rodrigo de Freitas. Outra proposta é a desobstrução do interceptor oceânico da Marina da Glória e do Parque do Flamengo, reduzindo drasticamente o despejo irregular de esgoto na Praia do Flamengo.
Prestes Filho: Um vereador pode contribuir para diminuir a violência contra a mulher?
Marcelo Maywald: Temos que insistir na luta pela igualdade e legitimidade da mulher na sociedade como um todo. Garantir um foco principal à denúncias de vítimas de violência, abusos e maus tratos. Que, infelizmente, com a pandemia acabaram entrando em ascensão.
Prestes Filho: Como fortalecer a parceria público/privada no município do Rio?
Marcelo Maywald: Fizemos muito isso quando eu atuava na Prefeitura e conseguimos muitas realizações, como criar parcões e revitalizar praças. Com a crise geral, os recursos são escassos e existem muitas pessoas e empresas que se mobilizam em prol de benfeitorias em seus bairros. Reurbanizando o entorno todos saem ganhando. Parceria é fundamental. Quero poder, como vereador, criar mecanismos que facilitem o investimento de revitalização nas áreas públicas da cidade para atrair mais atenção e desenvolvimento externo e interno. Formação de adoção de espaços públicos, criar cada vez mais o autocuidado de participar das melhorias da cidade.
Prestes Filho: Sua família tem tradição na política ? Conte sobre sua mãe.
Marcelo Maywald: Minha mãe veio muito nova do nordeste para o Rio. Quando chegou, trabalhou em empresas privadas por muitos anos. Depois de grávida, assim que me teve, por ser muito atuante, logo assumiu a função de mobilizar as mães do Parque do Flamengo com o intuito de buscar melhorias para o local. Cada vez mais conhecida pelas ruas do bairro, foi eleita Presidente da Flama – Associação de Moradores e Amigos e do Flamengo. De lá para cá, foram quatro mandatos ininterruptos, de 1993 a 2008 e sua última vereança, foi em 2013. Ela sempre foi a favor do voto distrital e lutou pelos bairros da zona sul, principalmente, Flamengo, Catete, Laranjeiras, Glória e Botafogo. Depois da última campanha, ela resolveu que estava na hora de me passar o legado e estou concorrendo a uma vaga na Câmara Municipal, após ter atuado durante 20 anos na Prefeitura atendendo demandas da população. Nasci no meio político e aprendi com ela, valores pautados na ética e moral.
Prestes Filho: Como você se iniciou na política? Qual sua experiência?
Marcelo Maywald: Iniciei minha vida pública em 1998 como administrador regional. Atuei durante 20 anos na Prefeitura do Rio, como subprefeito do Grande Flamengo (1999/ 2000), administrador do Parque do Flamengo (2001), subprefeito da Zona Sul-2 (2002/2008), coordenador de operações da SEOP (2009), subsecretário de Ordem Publica (2010/2015), administrador regional (2016) e superintendente da Zona Sul (2017/2020). Sempre trabalhei de forma incansável, com muita seriedade e responsabilidade atendendo as demandas da população. Principalmente, na região da Zona Sul, onde coordenei diversas ações com foco no ordenamento urbano e meio ambiente. Comandei operações de embargo e remoção de construções irregulares em área de risco e proteção ambiental, como a favela Vila Alice, em 2006. Conseguimos reurbanizar a Av. Praia do Flamengo e a Rua Marquês de Abrantes, por exemplo. Revitalizamos as praças Edmundo Bittencourt, Lido, Júlio de Noronha, Nelson Mandela, Mauro Duarte, Santos Dumont, Cláudio Coutinho, Antero de Quental, General Osório, Nossa Senhora da Paz, Praça Grécia, no Jardim de Alah, criando nove espaços exclusivos para cães em áreas de lazer na Zona Sul. Entre outras ações.
Prestes Filho: Você entende que o instituto constitucional das eleições é a base da democracia?
Marcelo Maywald: A eleição é o momento crucial do ato democrático. Momento em que o cidadão deposita seu voto de confiança, e que ele deve ter plena consciência, determinará seu próprio futuro nos próximos anos. Votar em alguém que tenha realmente realizado, apresente feitos concretos, tenha propostas fundamentadas e tenha construído um relacionamento sincero com a coletividade, seja de que região for, é essencial.
LUIZ CARLOS PRESTES FILHO – Cineasta, formado na antiga União Soviética. Especialista em Economia da Cultura e Desenvolvimento Econômico Local, diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Coordenou estudos sobre a contribuição da Cultura para o PIB do Estado do Rio de Janeiro (2002) e sobre as cadeias produtivas da Economia da Música (2005) e do Carnaval (2009). É autor do livro “O Maior Espetáculo da Terra – 30 anos do Sambódromo” (2015).
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