Por Isa Colli –
Luto, saudade, amor, dor, alegria, tristeza, distância, separação, esperança… palavras que rondam nossas vidas nestes últimos tempos. O Brasil completou um ano de convivência com a pandemia do coronavírus, contabilizando um triste saldo: mais de 250 mil mortos. No mundo, já são mais de 2,5 milhões de vítimas fatais em decorrência da Covid-19, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins.
Que balanço devemos fazer desses doze meses em que o Brasil teve de aprender a conviver com uma nova doença tão cruel e devastadora?
Primeiro, é preciso lamentar pelas vidas perdidas. Essa doença nos mostrou que ninguém é melhor que ninguém. Ricos e pobres ficaram – e ainda estão – reféns do vírus.
Em segundo lugar, aprendemos a valorizar nosso tempo. Aliás, descobrimos que não temos controle sobre ele. O mundo parou, as pessoas tiveram de se isolar nas suas casas, cancelar compromissos, aulas, reuniões, negócios, festas e viagens. Tudo foi paralisado e percebemos que desacelerar nem é tão ruim assim. Interromper a correria do dia a dia pode trazer paz de espírito. Muitos aprenderam isso na marra.
Com os comércios fechados, muitas pessoas perderam renda e estabilidade. O desemprego, a fome, a miséria e a pobreza se agravaram no mundo. Por outro lado, houve quem soube se reinventar e partir em busca de novas profissões.
O confinamento deixou as pessoas mais sensíveis aos problemas do próximo e uma multidão se voltou para a caridade.
O que ficará para sempre na minha lembrança é o esforço heroico dos profissionais de saúde no combate ao Coronavírus. Uma luta incansável para salvar vidas. Médicos e enfermeiros se colocaram na linha de frente da batalha. E não somente os profissionais da saúde. Os caixas de supermercado, funcionários de farmácias, motoristas de ônibus, policiais e garis, se mantiveram nas ruas para que a população pudesse se proteger em casa. Só tenho a agradecer a todos esses profissionais.
Na área de pesquisa, cientistas e infectologistas se uniram e conseguiram desenvolver, em pouquíssimo tempo, vacinas contra o coronavírus. Um marco para a ciência e um ganho para a humanidade. Vacinas que nos dão a esperança de vencer essa pandemia e viver dias melhores.
O luto trouxe sofrimento e o medo desencadeou a depressão em muitas pessoas. Já a irresponsabilidade de quem se aglomerou gerou revolta e acelerou a propagação do vírus. E o que é mais triste é lembrar que o mau exemplo veio, inclusive, de quem deveria zelar pela segurança e saúde do seu povo.
Nos ensinamentos, destaco o esforço dos educadores para se adaptar ao novo e ensinar os alunos em meio ao isolamento social. Ressalto também a força e a resiliência das crianças, que tiveram de aprender a viver em confinamento, longe dos amigos, dos avós e das pessoas do convívio.
Em um ano, aprendemos muitas lições. Que elas sirvam para nos transformar em pessoas mais humildes, humanas e solidárias.
ISA COLLI – Escritora ítalo-brasileira, de Presidente Kennedy, Espírito Santo, atualmente reside em Bruxelas, na Bélgica. Jornalista, membro do Conselho Consultivo e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Começou a escrever aos 12 anos, sempre preocupada com o futuro do meio ambiente, e como ensinar as crianças a preservá-lo, atenta aos anseios humanos e às suas dúvidas em relação à vida. Seu primeiro livro foi editado em 2011. O romance, ‘Um Amor, um Verão e o Milagre da Vida’. Porém a partir de 2013, consagrou seu tempo à literatura infantil e conta em 2019 com mais de dez títulos editados, que abordam temas como a sustentabilidade e a necessidade de proteção ao meio ambiente, o respeito pelo próximo, a tolerância às diferenças e a valorização do consumo de alimentos saudáveis e sem agrotóxicos. A autora tem por alicerce a família, em especial, o esposo José Alves Pinto e os filhos Valdeir e Philip. E o sonho de transformar o mundo por meio da escrita, que é o seu principal combustível.
MAZOLA
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