Por Miranda Sá –
Quando eu alisava os bancos ginasianos levava a sério as lições de respeito aos símbolos nacionais, a Bandeira, o Hino, as Armas e o Selo. E o Dia da Bandeira, 19 de novembro, era feriado.
Mais tarde, cursando o 2º ano da Faculdade Nacional de Direito, participei de uma confraternização entre acadêmicos brasileiros e paraguaios em Assunção. Coincidiu com o Sete de Setembro e convidados pelo nosso embaixador no Paraguai fomos às comemorações na Embaixada. Acercando-nos o prédio, vi de longe nosso pavilhão tremulando: me arrepiei todo, nunca esperei tanta emoção.
A nossa Bandeira foi instituída logo após a Proclamação da República pelo Decreto nº 4, de 19 de novembro de 1889; criada pelo filósofo e matemático brasileiro, Teixeira Mendes, que sob a influência positivista, dominante à época nos círculos militares, apôs nela o célebre princípio de Auguste Comte “O amor por princípio a ordem por base e o progresso por fim”.
Não sei o porquê do Amor ser suprimido do dístico no círculo central azul entre as estrelas que representam os estados da federação, restou apenas “Ordem e Progresso”.
O Amor, entretanto, ficou implícito na nossa vã filosofia…. E é instintivo para os humanistas o relacionamento patriótico do altruísmo com a ordem e o progresso. Na minha educação doméstica recebi sugestões da doutrina positivista cooperativa, solidária, e totalmente antagônica dos instintos naturais do egoísmo.
Diferentemente desta visão humanista, o subconsciente humano traz restos animalescos; foram atenuados na vida em sociedade e deveria ser disciplinado pela educação doméstica e escolar. Não sendo aprimorado assim, preocupa, externando muitas vezes um comportamento selvagem.
Esta estupidez está exemplificada na agressão infame do canalha Erick D´Ávila, empurrando brutalmente uma senhora idosa de 86 anos. Este criminoso era professor de canto no Clube Paulistano e foi demitido; mas a punição deve ser ampliada penalmente.
Não sei se pessoas deste tipo professam alguma religião. É provável que o faça como demonstração hipócrita; mas milita certamente em movimento político, adotando alguma ideologia extremista. E daí nascem os terroristas, cruéis inimigos da humanidade.
É o que se vê deste lado do Planeta, onde o pensamento dominante é a doutrina-judaica-cristã e sua vertente islâmica que prega um Deus Único, onipotente, onisciente e onipresente. Entretanto, a divindade é vilipendiada por frações incompatíveis com o Amor pregado pelo Cristo e inserido nos chamados “livros sagrados”.
Curiosamente, uma religião sem deus, o Budismo, nos adverte para o amor ao próximo, abnegado, desinteressado e filantrópico. Os monges do Tibet dão provas desta devoção. Quando a neve e os temporais provocam desabamento nas encostas e tornam impraticáveis as trilhas, eles se juntam recortando figurinhas de cavalos de papel jogando-as do alto dos mosteiros para que o vento as leve.
Piedosos, eles creem que Buda vai inspirar os perdidos nas montanhas a seguirem os cavalinhos coloridos e encontrarem o caminho que os livrará da intempérie.
O papa Francisco, guia espiritual da Igreja Católica, reza e pede orações pela paz na Europa e Oriente Médio, seguindo a lição do Cristo e manda os católicos amarem o próximo como a si mesmos. Na prece sincera, o amor está implícito.
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br
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