Por Bolivar Meirelles

O verdadeiro amigo nunca é oculto. Só nos presentes de “rodas” coletivas eles existem. Talvez insistentes. Não fluentes. Apenas a economia faz com que, por vezes, inexistentes “amigos” ou “amigas” sejam, por instantes, transformados no que nunca foram. Cultores da amizade. A amizade deve ser explícita, límpida como as águas de um rio virgem do descarrego de resíduos da civilização humana.

A amizade necessita, sempre, ser culta, cultivada, cultuada.

A amizade só existe culta sim. Nunca é erudita. A amizade cheia de “saramaleques” não é amizade. São maneiras de exercício de relações humanas. Falsas relações. Por vezes, quase sempre. Falsas alegrias sucumbem as presenças na tristeza. Eventos do sofrimento. Exercícios explícitos das fraquezas humanas. Cotidiano do exercício da vida. Amizade culta, nunca inculta. Cultivada sim. Exercício da vida vivida. Vívida e sentida. Turbilhão de alegrias e tristezas. Alegoria do existir. Existência maculada e curada. Amizade presente. Sapiente. Culta, insistentemente culta. Transferível no existente exercício das relações. Um querer presencial permanente. Sem peso. Desejo enorme de presença. Troca de relacionamento sempre desejado. Nada oculto. “Conversa fiada” de mais um Natal próximo. Natal não curtido. Covid-19. Sim, Natal sem Jesus de Nazaré, sem Hélder Câmara, sem Luther King. Natal venal, Silas Malafaia, Universal. Do Reino de Deus. “Afasta de mim esse cálice de vinho tinto de sangue”. Adverso verso. Oculto. Necessidade de explicitar. Amizade oculta? Não é. Amizade ostensivamente culta. Cultuada. Cultivada. Perene. Constante. Luta. Existir. Existência. Confluência. Saber transferido. Troca de saber, de conhecer. Fluência.

Estamos. Somos. Presente. Na frequência permanente. Não se presenteiam, amigos e amigas, nas circunstanciais trocas de embrulhos escondidos em papel colorido. Amizade é explícita. Gritada. Pulmões fortes. Ou fracos mesmo. Forçado pelo tempo exercitado de viver. De tanto se dar. De cultivar. De cultuar. Presos nesse isolamento. Covid-19. Estão, os verdadeiros amigos e amigas, unidos na luta pela sobrevivência. Na luta amistosa pela Pátria Amada. Muitas mortes. Pelo Povo, morto e assassinado. Pelas Pátrias Amadas dos outros. Pelos povos sofridos do mundo inteiro. Amizade concentrada no bem ao próximo ou próxima não supera o desejo da amizade Universal. Um dia, (quem sabe?)…a verdadeira amizade verdadeiramente culta será bem explícita na universal compreensão do não poder ser exercida num mundo tão egoísta. Por um Universal Templo de amizade! Por um mundo sem fronteiras! Sem estrangeiros. Por uma Pátria só. Amigos lutam, por conhecimento histórico ou utopia, por uma amizade Universal.


BOLIVAR MARINHO SOARES DE MEIRELLES – General de Brigada Reformado, Cientista Social, Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, Mestre em Administração Pública, Doutor em Ciências em Engenharia de Produção, Pós Doutor em História Política, Presidente da Casa da América Latina e Colunista do Caminhando Jornal TV (TVC-Rio).