Por Karlos Holanda –
O leitor já deve ter ouvido falar milhares de vezes nos males que a Covid-19 causa nos pacientes que são contaminados por essa doença, porém pouco se fala nos problemas de saúde que surgem de forma indireta.
A obesidade é uma doença crônica, progressiva e recidivante, que acomete 26,8% dos adultos no Brasil, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um número impressionante para um país que, ainda em 2003, tinha 12,2 % de sua população adulta com esse diagnóstico. Isso sem incluir o percentual de pessoas com sobrepeso que corresponde na mesma pesquisa de 2019 a assustadores 60,3 %.
É considerado como excesso de peso o índice de massa corpórea (IMC) maior ou igual a 25 e, para obesidade, o IMC maior ou igual a 30, onde o IMC é calculado pela divisão do peso em kg pela altura ao quadrado em metros.
Em um país onde faltam políticas públicas de combate a obesidade, como incentivo a alimentação saudável e prática de exercícios físicos regulares, essa situação tende a se agravar ainda mais. Vale lembrar que a obesidade é fator de risco, e por isso aumenta muito a incidência de doenças, como dislipidemias, hipertensão arterial, diabetes, problemas na coluna, infarto agudo do miocárdio e alguns tipos de câncer, entre outras.
Além disso a obesidade de forma isolada aumenta a mortalidade de forma geral.
A pergunta que nosso leitor pode fazer é: qual a relação da pandemia da Covid-19 e a obesidade? De acordo com especialistas há uma expectativa muito forte de que os dados divulgados pós Pandemia, demonstrem um aumento ainda mais significativo da obesidade em nosso país. Inclusive o Núcleo de Pesquisas em Nutrição e Saúde da USP (Nupens), já realizou um estudo com dados iniciais, onde já se observa essa tendência, e aqui pontuarei alguns motivos:
1) A ansiedade e a depressão, levaram muitas pessoas a “descontarem” na comida, consumindo muito mais do que o necessário, um quadro chamado de compulsão alimentar.
2) O sedentarismo, imposto não só pelo medo de sair de casa, mas pela implantação do Home office. Lembrando que são necessários pelo menos 150 minutos semanais de exercícios físicos de moderada intensidade para combater a obesidade, e de preferência com a orientação de um profissional de educação física.
3) O aumento do consumo de alimentos industrializados, que podem ser armazenados por mais tempo, porém com menor qualidade nutricional.
A obesidade deve ser vista com muita cautela pelos profissionais de saúde, assim como pelos pacientes com esse diagnóstico. Mesmo pacientes submetidos a cirurgias bariátricas, podem ter o reganho do peso, se não seguirem corretamente as orientações médicas. É importante lembrar que não há cura para obesidade, mas é possível o controle de forma eficiente. Por outro lado, é muito importante ressaltar que o ganho de peso não é uma regra da Pandemia, muitas pessoas também conseguiram mudar esse quadro.
Porém diante dos riscos que a obesidade carrega consigo, como médico é meu dever alertar a todos e lembrar que é muito importante procurar ajuda de e um médico e de um nutricionista para iniciar o tratamento, caso o sobrepeso ou a obesidade já sejam uma realidade na sua vida, lembrando que mais fácil do que tratar qualquer doença é prevenir.
Dr. KARLOS GUDDE DE HOLANDA MOURA – Médico, titular desta “Tribuna da Saúde”, colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Residência Médica em Anestesiologia pelo Hospital Beneficência Portuguesa da São Paulo; Pós-graduado em Laser, Cosmiatria e Procedimentos pela FATESA de Ribeirão Preto; Pós-graduando em Nutrologia pela USP de Ribeirão Preto; Professor da Pós-Graduação de Laser, Cosmiatria e Procedimentos na FATESA de Ribeirão Preto. @dr.karlosholanda
Dr. RAFAEL HOLANDA – Médico, colunista, representante e correspondente do jornal Tribuna da Imprensa Livre em Campina Grande, Paraíba – Brasil.
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