Por William de Oliveira –
O Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o mais recente divulgado pelo instituto, revelou que o Rio de Janeiro tem o título de cidade com a maior população em favelas do país. Segundo os dados, 1.393.314 pessoas moravam nas 763 favelas do Rio até aquele ano. Dos seus 6.323.037 habitantes, 22,03% viviam nesse tipo de local. Se comparados com os dados do Censo 2000 do IBGE (quando o instituto identificou 1.092.283 moradores de favelas no Rio, ou 18,65% dos 5.857.904 residentes do município), o crescimento da população em comunidades em dez anos foi de 27,5%. Enquanto a cidade considerada regular, excetuando os moradores das favelas, cresceu a um ritmo oito vezes menor, apenas 3,4%, passando de 4.765.621 para 4.929.723 em dez anos. A favela da Rocinha onde sou nascido e criado é a favela mais populosa do Rio e do país. De acordo com o Censo 2010, 69.161 pessoas moravam na comunidade naquele ano. Sendo que nós moradores e muitas lideranças comunitárias discordam, tenta e que o censo do mesmo ano do Programa de aceleração do crescimento chaga a 120 mil habitantes.
Uma década antes, segundo estudo do Instituto Pereira Passos (IPP), da prefeitura do Rio, com base em dados do Censo 2000, a Rocinha tinha 56.338 moradores. Ou seja, em dez anos, a comunidade registrou um crescimento populacional de 22,7%. Infelizmente devido a pandemia o ano 2020 não houve senso.
Com essa população gigante a Rocinha passou a ser a favela com maior movimentação em valores com o perfil Empreendedor.
Os moradores das favelas brasileiras movimentam R$ 119,8 bilhões por ano, segundo pesquisa “Economia das favelas”, dos institutos Data Favela e Locomotiva, que visitaram 465 comunidades em 116 cidades do país. No total, foram entrevistas 2.670 pessoas. São 13,6 milhões de pessoas com renda domiciliar per capita de R$ 734,10. Se fosse um estado brasileiro, as favelas seriam o 5º maior em população. O valor do potencial de consumo é superior a massa de rendimentos de 20 das 27 unidades da federação, e inclusive de países inteiros como Paraguai, Uruguai e Bolívia.
O Rio de Janeiro é apontado como o único estado da Região Sudeste com mais de 10% da população vivendo em favelas – somente a Rocinha, é maior que 90% dos municípios.
Foi a partir desses dado que nos líderes comunitários tivemos a ideia de criar o grupo O Slum Summit 2019, que ocorreu no dia 23 de Novembro em Paraisópolis são Paulo e fez parte do Calendário Oficial da São Paulo Tech Week, na Semana Global do Empreendedorismo + 1.200 participantes, Líderes e Empreendedores das 10 maiores Comunidades do Brasil, 3 PALCOS com Atividades Simultâneas,+ 50 Palestrantes, Circuito pela Comunidade de Paraisópolis, Experiência Gastronômica, Feijoada das Marias, PITCH com Fundos de Investimentos entre outras atividades. Onde foi lançado e criado o grupo formado pelas favelas Rocinha (RJ), Rio das Pedras (RJ), Heliópolis (SP), Paraisópolis (SP), Cidade de Deus (AM), Baixadas da Condor (PA), Baixadas da Estrada Nova Jurunas (PA), Casa Amarela (PE), Coroadinho (MA) e Sol Nascente (DF). O evento, aconteceu no ginásio de Paraisópolis e reuniu pelo menos 720 pessoas (a lotação do local), os organizadores anunciaram que, por meio de um financiamento coletivo, pretendem arrecadar R$ 2 milhões para investirem em projetos construídos dentro das regiões periféricas. O plano é que o evento volte a acontecer anualmente após essa situação do pais.
O G10 das Favelas passou a organizar ações visando auxiliar outro grupo em situação de vulnerabilidade: imigrantes e refugiados que residem na capital paulistana. A ação tem ajudado cerca de 300 refugiados e imigrantes com doações de cestas básicas e kits de higiene.
O G10 das Favelas é um bloco de Líderes e Empreendedores de Impacto Social das Favelas que, assim como os países ricos (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) do G-7, uniu forças em prol do desenvolvimento econômico e protagonismo das Comunidades, visando o desenvolvimento econômico e social dessas áreas urbanas.
Um estudo divulgado pelo G10 Favelas, bloco que reúne as favelas com maior potencial econômico do país, como Paraisópolis, em São Paulo, e Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, e realizado pelo Outdoor Social Inteligência ® identificou que 75% dos empreendedores de comunidades tiveram perdas financeiras em 2021 por causa da pandemia, mas 80% não demitiram. Os números são menores do que 2020, de acordo com o estudo. No ano passado, 88% dos empresários disseram ter perdido renda e 89% evitaram demitir.
Existem 289 mil comércios registrados nas mais de seis mil comunidades brasileiras. No bloco do G10, são 125 mil empresas com CNPJ ativos, o que corresponde a 43,5% do total.
Dos 25% que disseram não terem diminuído seu faturamento em 2021, as soluções adotadas foram ampliação na variedade de produtos (51%), de entregas à domicílio (47%) e vendas e divulgações por meio das redes sociais (45%).
O número de empresas que não conseguiram sobreviver também diminuiu na segunda onda da pandemia. No ano passado, 16% dos empreendimentos registraram perda total, enquanto em 2021, esse número caiu para 3%.
Em 2020, 71% dos empresários entrevistados aderiram às medidas de restrição e fecharam as portas. Já neste ano, 52% aderiram às regulamentações estaduais. De acordo com o G10, a diferença se deu pelas situações individuais de cada região. Cerca de 16% dos entrevistados ainda se mantêm fechados.
A exemplo dos grandes blocos econômicos, o G-10 tem encontros regulares e termos de cooperação para que exista uma colheita de dados, acompanhamento das ações propostas e que seja mensurado o real impacto social e crescimento gerado pelo Bloco e seus parceiros. A ideia do G-10, é inspirar o Brasil inteiro a olhar para a favela, tornando as Comunidades grandes Polos de Negócios, atrativo para Investimentos, de forma a “transformar a exclusão em Startups e Empreendimentos de Impacto Social” de sucesso. Um ponto importante para os organizadores da iniciativa é deixar claro que o objetivo não é arrecadar doações ou patrocínio, mas investimentos que gerem tanto retorno ao investidor quanto o desenvolvimento econômico das comunidades.
Comunidades – Potenciais de consumo em 2019, Rocinha (Rio de Janeiro) – R$ 1,23 bilhão, Rio das Pedras (Rio de Janeiro) – R$ 1,04 bilhão, Sol Nascente (Brasília) – R$ 910 milhões, Baixadas da Estrada Nova Jurunas (Belém) – R$ 729 milhões, Casa Amarela (Recife) – R$ 706 milhões, Paraisópolis (São Paulo) – R$ 706 milhões, Heliópolis (São Paulo) – R$ 685 milhões, Coroadinho (São Paulo) – R$ 662 milhões, Baixadas da Condor (Belém) – R$ 555 milhões, Cidade de Deus (Manaus) – R$ 549 milhões.
A Pandemia viveu um momento de crise é também uma oportunidade de união e de colaboração com a sociedade. Mais do que nunca, a solidariedade está fazendo a diferença no enfrentamento à pandemia. Com essa motivação, lideramos um amplo movimento para combater o coronavírus em parceria com empresas, instituições de pesquisa, universidade e organizações sociais e continuamos seguindo mobilizando recursos e empenhando esforços para ajudar todos os nossos moradores da Rocinha na luta contra o vírus, ao longo do ano foram entregues cestas básicas, marmitas, kits de higiene, máscaras para mais de 30 mil pessoas, mas nos últimos meses as doações pararam. “Fazíamos doações de mais de 500 cestas por mês. Depois tivemos queda nas doações. Até dezembro, fazíamos entre 30 a 50 doações de cesta básicas por dia. Agora, começamos o ano entregando 10% disso. Tem dias que a comida acaba, e a fila de receptores continua. Muitas vezes essa é a única opção deles, chega a doer quando vejo que não vamos conseguir atender todas as pessoas”. Uma panela vazia. Essa é a realidade de muitos brasileiros, situação que foi agravada pela pandemia de Covid-19. Pensando em ajudar quem mais precisa voluntários do MISSAO Rocinha & G10 Favelas mobilizam doações para famílias carentes das favelas. Desde o início da pandemia, o nosso grupo já distribuiu mais 15 mil cestas básicas, uma ajuda que foi possível por meio de doação.de vocês, além dos alimentos, fizemos distribuição 37,5 mil galões de água, kits com máscaras, produtos de limpeza, kits de saúde e higiene, ajuda de aluguel a moradores e compras de gás através da vakinha e do Pix 018.045.627.00 que foi criado. Foram beneficiadas mais 25 mil famílias. Cada kit beneficiou uma família com três galões de água potável (o equivalente a 18 litros), três máscaras, um frasco de Harpic Líquido Desinfetante, um SBP aerossol e um SBP repelente, além de guias informativos com dicas para a prevenção de dengue e Covid-19.
https://www.youtube.com/watch?v=E0yyo10PELU&t=161s
https://www.youtube.com/watch?v=ma4dB3OPCXE&t=1s
https://www.youtube.com/watch?v=d9gQMkQPUjI
https://www.youtube.com/watch?v=mYVSCQfqrek
Com mais de 500 mil mortes no Brasil hoje, essas doações trazem mais qualidade de vida para as pessoas” enquanto os números de infectados e óbitos causados pelo covid-19 avançam na época no Brasil, quebrando recordes altíssimos, exemplos de solidariedade surgiam como uma luz no fim do túnel. Na nossa comunidade perdeu mais de 100 moradores. Infelizmente. Tivemos uma grande quantidade de pessoas que foram contaminadas e mortas pelo vírus. Na Rocinha, comunidade carioca que possui 200 mil habitantes, o projeto Missão Rocinha e o G10 Favelas – bloco de empreendedores que desenvolve atividades para auxiliar morador de comunidades carentes em todo país – atuam de forma efetiva para proteger seus moradores.
É de suma importância haver doações em uma comunidade que possui habitantes que vivem em situação de extrema vulnerabilidade. Felizmente se não fosse, a sociedade civil e sua generosidade, esse país estaria em guerra em função da fome.
WILLIAM DE OLIVEIRA – Ativista, Mobilizador Social e Colunista do Jornal Tribuna da Imprensa Livre; Presidente do Coletivo MISSAO ROCINHA, graduando no Curso de Investigação Forense e Perícia Criminal.
HERÉDIA ALVES é a titular desta coluna, advogada Criminalista e do Terceiro Setor, especialista em Direito Público, diretora de Projetos do Instituto Anjos da Liberdade, presidente Estadual do Instituto Nacional de Combate a Violência Familiar, advogada da Associação de Moradores da Vila Mimosa e membro da Comissão de Direitos Humanos OAB/ RJ.
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