Por José Carlos de Assis –
O grande incompetente responsável indireto por mais de 240 mil brasileiros por conta da Covid não é Pazuello. É Bolsonaro, que o nomeou. Apresentado como um experiente general especialista em logística, Pazuello fracassou redondamente justamente nesse terreno, pois o acesso do povo à vacina contra a Covid afundou de forma absoluta por não ter sido comprada. Só mesmo um tirano inconsequente como Bolsonaro poderia nomear essa figura pusilânime para o Ministério da Saúde no momento crucial do combate à pandemia.
Muitos morreram, e muitos morrerão ainda por culpa exclusiva dessa nomeação cuja razão última era meter mais um general do Exército no Palácio do Planalto, com toda a sua incompetência. Ele é um general sem iniciativa, que só sabe ser mandado. Sequer sabe comprar vacinas. Em suas próprias palavras, “quem pode manda, quem não pode obedece”.
Essa declaração traz o sinal do opróbrio sobre o caráter desse militar que se revelou absolutamente sem caráter, como se viu ontem ao esconder-se dos governadores.
Entretanto, não há como tirar a culpa de Bolsonaro dessa nomeação desastrada. E se ela não recai sobre ele num primeiro momento, é hora de o Congresso, no terceiro nível da corrente de incompetência, não perder seu próprio caráter e iniciar as tratativas para promover o impeachment desse açougueiro que um dia falou que era necessário matar no Brasil, para melhorá-lo, presume-se que numa guerra civil, “uns 30 mil”. No último caso, porém, diante das mortes da Covid, seria pertinente processá-lo por crime comum.
Estamos sem vacina. Isso custará milhares de vidas de brasileiros, porque o Governo, provavelmente orientado por Guedes e sob execução de Pazuello, recusou-se a comprar do exterior 75 milhões de doses. Pelas explicações de Pazuello, foi uma medida de economia e de defesa da soberania nacional. Que patacoada. É assim que este Governo trata seus cidadãos: contando tostões. Nenhum país do mundo fez algo tão estúpido.
A nós nada resta senão ver crescerem as estatísticas dos assassinados.
JOSÉ CARLOS DE ASSIS – Jornalista, economista, escritor, colunista e membro do Conselho Consultivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Professor de Economia Política e doutor em Engenharia de Produção pela Coppe/UFRJ, autor de mais de 25 livros sobre Economia Política; Foi professor de Economia Internacional na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), é pioneiro no jornalismo investigativo brasileiro no período da ditadura militar de 1964; Autor do livro “A Chave do Tesouro, anatomia dos escândalos financeiros no Brasil: 1974/1983”, onde se revela diversos casos de corrupção. Caso Halles, Caso BUC (Banco União Comercial), Caso Econômico, Caso Eletrobrás, Caso UEB/Rio-Sul, Caso Lume, Caso Ipiranga, Caso Aurea, Caso Lutfalla (família de Paulo Maluf, marido de Sylvia Lutfalla Maluf), Caso Abdalla, Caso Atalla, Caso Delfin (Ronald Levinsohn), Caso TAA. Cada caso é um capítulo do livro; Em 1983 o Prêmio Esso de Jornalismo contemplou as reportagens sobre o caso Delfin (BNH favorece a Delfin), do jornalista José Carlos de Assis, na categoria Reportagem, e sobre a Agropecuária Capemi (O Escândalo da Capemi), do jornalista Ayrton Baffa, na categoria Informação Econômica. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.
MAZOLA
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