Por Miranda Sá –
“Em tempo de paz convém ao homem serenidade e humildade; mas quando estoura a guerra deve agir como um tigre! ” (Shakespeare)
O Concílio Vaticano II foi um dos mais importantes da Igreja Católica nos nossos tempos. Ao anunciá-lo o saudoso papa João XXIII proclamou como seu patrono São João Crisóstomo, doutor da Igreja e o mais conhecido entre os reformadores eclesiais.
É bom lembrar que Crisóstomo, patriarca de Constantinopla, foi um realista a ponto de considerar que na guerra, para derrotar o inimigo, é louvável recorrer ao ardil, à sabotagem, aos subterfúgios e à traição.
Guerra é guerra. As evasivas estratégicas exigem malícia e paciência, como aconselhou o ícone do planejamento bélico Sun Tzu: “Triunfam aqueles que sabem quando lutar e quando esperar”.
Um capítulo da História adotou um espetacular estratagema usado na Guerra de Troia, mencionada na Ilíada e na Odisseia de Homero. Embora sob a controvérsia de sua existência real, Homero tornou-se célebre como poeta épico e embora tenha se referido vagamente ao logro do “Cavalo de Troia” na Odisseia, todas as gerações estudiosas do mundo creem como verdadeiro este artifício enganoso.
Contam-se detalhes do uso ardiloso de um monumental equino, construído pelos gregos para conquistar Troia. Foi levado às portas da cidade como um presente, mas levando no seu interior soldados treinados para o confronto corpo-a-corpo. Levado para fortaleza, os guerreiros saíram à noite e derrotaram traiçoeiramente o inimigo.
Dos 500 anos antes de Cristo até hoje, as táticas e estratégias bélicas estudam e aplicam movimentos enganadores para surpreender o adversário, induzindo-os a abrir os flancos para a sua própria derrota.
A palavra Guerra, dicionarizada, é um substantivo feminino significando a luta armada entre nações, etnias diferentes ou partidos de um mesmo país. As línguas neolatinas adotaram a etimologia germânica “werra”, luta, discórdia, que substituiu o latim “bellum”, usado com outras referências como bélico, rebelde, rebelião.
A minha geração estudou a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), assistiu os efeitos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), acompanhou a Guerra Fria (1947 – 1991) e sofreu dois temores: as ameaças de uma guerra atômica e da guerra bacteriológica.
Ensinou o grande estratego alemão Carl von Clausewitz que a guerra é a continuação da política; assim se deduz que muitas das táticas evasivas dos exércitos nascem da malandragem dos políticos. No Brasil é fácil constatar isto observando os picaretas do Congresso em sua movimentação chantagista.
Comprovamos uma espécie de simbiose da guerra e da política, ao conhecer a chamada guerra psicológica ou de propaganda, quando o povo é dominado pela massiva repetição de promessas mentirosas, informações falsas e temores subliminares.
Pela Internet, nas redes sociais, vemos a manipulação da propaganda por grupos organizados a serviço de ideologias ou partidos, e tem também empresas que vendem estes “serviços”, como ocorreu flagrantemente nas últimas eleições presidenciais.
Um desses empreendimentos, a Yacows, apareceu com alvoroço na CPMI das Fakes News, provocando uma movimentação inusitada nos meios jornalísticos, quando uma repórter da Folha de São Paulo foi citada pelo depoente Hans River do Rio Nascimento.
Na última terça-feira, dia 11, foi ouvido o ex-funcionário da Yacows, empresa acusada pela Folha de SP de fazer disparos em massa via WhatsApp a favor do então candidato à presidência, Jair Bolsonaro. Hans River negou ação pró-Bolsonaro, afirmando que o trabalho foi realizado para defender Fernando Haddad, candidato do PT.
Como cantou Raul Seixas, “a vida é séria e a guerra é dura”. Assim, assistimos também inversões internacionais amplas, gerais e irrestritas… quem imaginaria que um dia, o Papa iria receber um condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha?
Sinal dos tempos; o velho Churchill os previu quando disse que “a política é quase tão excitante como a guerra e não menos perigosa”. Verdade; a política atiça as matilhas raivosas de globalistas a declararem a Terceira Guerra Mundial!
MIRANDA SÁ é jornalista, colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã. Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo.
MAZOLA
Related posts
Editorias
- Cidades
- Colunistas
- Correspondentes
- Cultura
- Destaques
- DIREITOS HUMANOS
- Economia
- Editorial
- ESPECIAL
- Esportes
- Franquias
- Gastronomia
- Geral
- Internacional
- Justiça
- LGBTQIA+
- Memória
- Opinião
- Política
- Prêmio
- Regulamentação de Jogos
- Sindical
- Tribuna da Nutrição
- TRIBUNA DA REVOLUÇÃO AGRÁRIA
- TRIBUNA DA SAÚDE
- TRIBUNA DAS COMUNIDADES
- TRIBUNA DO MEIO AMBIENTE
- TRIBUNA DO POVO
- TRIBUNA DOS ANIMAIS
- TRIBUNA DOS ESPORTES
- TRIBUNA DOS JUÍZES DEMOCRATAS
- Tribuna na TV
- Turismo