Por José Carlos de Assis

A controvérsia sobre a privatização da Petrobrás e da Eletrobrás poderia ser facilmente resolvida mediante a colocação do controle das duas empresas sob a autoridade do Exército brasileiro. Com isso seria eliminada a questão relativa ao papel estratégico delas na economia e na sociedade e ao risco de caírem sob o comando de capitais estrangeiros, descolados dos interesses nacionais. Por fim, a Nação não perderia o controle sobre essas duas jóias da coroa.

Paulo Guedes, que agora tem o comando absoluto sobre o processo de privatização de 17 estatais, inclusive das maiores jamais listadas para venda ao estrangeiro, tem larga informação no campo de privatização feita por governo em favor do Exército. Isso aconteceu no Chile, onde o principal feitor da privatização brasileira aprendeu, entre uma seção de tortura e outra do regime Pinochet, abrir mão da indústria de cobre em favor do Exército.

Gosto da ideia não por seu efeito eventualmente provocador, mas por uma convicção genuína de que o Exército poderia tocar com eficiência a gestão das duas empresas. Nos Estados Unidos, várias empresas do setor energético estão nas mãos do Exército, inclusive a icônica Tenessee Valey Autority. Lá ninguém fala em privatização. Com as empresas em mãos militares, desapareceriam a intrigaria privada e a patifaria comum nas vendas de controle que geram para o Estado não apenas perdas financeiras, mas sobretudo perdas estratégicas.


JOSÉ CARLOS DE ASSIS  é jornalista, economista, escritor e doutor em Engenharia de Produção pela Coppe/UFRJ, autor de mais de 20 livros sobre economia política. Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Foi professor de Economia Internacional na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), é pioneiro no jornalismo investigativo brasileiro no período da ditadura militar de 1964. Autor do livro “A Chave do Tesouro, anatomia dos escândalos financeiros no Brasil: 1974/1983”, onde se revela diversos casos de corrupção. Caso Halles, Caso BUC (Banco União Comercial), Caso Econômico, Caso Eletrobrás, Caso UEB/Rio-Sul, Caso Lume, Caso Ipiranga, Caso Aurea, Caso Lutfalla (família de Paulo Maluf, marido de Sylvia Lutfalla Maluf), Caso Abdalla, Caso Atalla, Caso Delfin (Ronald Levinsohn), Caso TAA. Cada caso é um capítulo do livro. Em 1983 o Prêmio Esso de Jornalismo contemplou as reportagens sobre o caso Delfin (BNH favorece a Delfin), do jornalista José Carlos de Assis, na categoria Reportagem, e sobre a Agropecuária Capemi (O Escândalo da Capemi), do jornalista Ayrton Baffa, na categoria Informação Econômica.