Por Miranda Sá

Notícia vinda de Moscou fala que as Forças Estratégicas de Mísseis da Rússia realizaram o teste de um míssil balístico intercontinental, o Burevestnik, carregado com explosivos nucleares.

É assustador tomarmos conhecimento disto, num momento em que ocorrem guerras na Europa e no Oriente Médio que confrontam, além das partes diretamente envolvidas, os Estados Unidos e a Rússia.

Na Europa, repercute as consequências do conflito entre Israel e Hamas, mostrando de forma visível a transferência dos interesses do Complexo Industrial-Militar dos EUA para a ofensiva israelense na Faixa de Gaza.

Além do recuo político da França e da Alemanha no seio da Otan, que dirige as ações militares ucranianas contra a ocupação russa, vê-se o arrefecimento das concessões de novas armas e apoio financeiro a Volodymyr Zelensky.

Nos primeiros momentos o fornecimento de equipamentos bélicos pelos parceiros europeus da Otan era rápido e fácil, mas agora decaem visivelmente, ao tempo em que corre o boato de que as autoridades dos EUA e da União Europeia pressionam Zelensky a negociar com Putin, um cessar fogo razoável.

O governo ucraniano, porém, descarta qualquer tipo de negociação para a paz, mesmo coagido a fazê-la, e tenta retomar o apelo de ajuda sugerindo que a ameaça russa se faça contra os “valores democráticos” do Ocidente, prometendo retomar o território ocupado pela Rússia, incluindo a Crimeia.

Do outro lado se desenrola um cenário trágico na Faixa de Gaza, com mais de 12 mil pessoas mortas,  majoritariamente civis, em um mês de bombardeios aéreos intensivos que são movidos, segundo o governo de Israel, para destruir o Hamas, militar e politicamente.

Entretanto, o próprio comando militar israelense admite que a invasão terrestre será “longa e difícil”, enfrentando internamente um influente movimento que o constrange a se manter em sua fronteira, e tentar fazer um tratado de paz com a punição dos responsáveis do Hamas por atos terroristas.

Enquanto o cenário real mostra este desejo dos pacifistas em abaixar as armas nos campos de batalha, o apelo pelo entendimento se amplia internacionalmente e, sem dúvida, influi na opinião pública mundial.

Vemos assim que os fazedores de guerra e os arautos de um confronto ideológico do Ocidente e do Oriente estão coagidos, e que o trânsito em direção à Paz se fortalece a cada dia. Das palavras do papa Francisco à atuação da ONU neste sentido.

É preciso barrar o armamentismo e os “testes balísticos” dos dois lados, e tirar de nossos olhos a mortandade de crianças e dos nossos ouvidos os gemidos dos moribundos e os lamentos da viuvez.

A tristeza que nos traz as vítimas nos lembra duas sensíveis poesias. Do poeta turco Nazım Hikmet, o verso “Paz, novelo de lã em regaço de mulher solitária” e de autor cujo nome esqueci, “Pássaros metálicos/ Ensanguentaram os céus/ Desovaram bombas/ E se autodestruíram/ Restou um último homem/ Acalentando no peito uma pedra”.

Daí me assumo poeticamente como pacifista, e o serei sempre.

MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br

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