Por Sérgio Cabral Filho –
Há dias na pauta das editorias de economia do país, a notícia de que os sites de apostas passarão a ser tributados pelo governo federal. Mais do que justo.
Com a difusão e a capilaridade da internet no Brasil, os apps de sites de apostas se tornaram uma febre nacional. Fenômeno esse que já é hábito em diversos países do mundo.
Incompreensível é a permanência da ilegalidade no país do jogo do bicho, dos bingos, dos cassinos, das mesas de poker, dos jogos de carta, das maquininhas eletrônicas nos bares, e de tantas outras modalidades de jogos de apostas.
São hábitos enraizados na sociedade brasileira há mais de um século.
Em abril de 1946, o Presidente da República, o Marechal Eurico Gaspar Dutra, num arroubo despropositado e moralizante pseudo cristão, influenciado por sua esposa, Carmela Dutra, conhecida como Dona Santinha, primeira dama do Brasil e muito carola, determina a proibição dos jogos de cassino no país.
De 1946 a 2023, o Brasil pertence a um reduzido número de países como o Afeganistão que proíbem cassinos e jogos em seu território.
Imagine quantos milhares ou milhões de empregos estão sendo desprezados pelo Brasil em função dessa proibição legal!
Sem mencionar dois aspectos ligados ao mundo artístico, cultural e desportivo. Hotéis e cassinos atraem shows, musicais, peças de teatro, balés, restaurantes, casas noturnas, empregos diretos e indiretos. Geram receitas pela via dos impostos que podem e devem ser aplicados no estímulo à produção cultural das cinco regiões do país.
Dois bons exemplos anglo saxões deveriam inspirar o Brasil: o Reino Unido e os Estados Unidos.
Nas terras do Rei Charles III, as receitas tributárias advindas dos jogos são essencialmente investidas nas modalidades esportivas e na produção cultural do país. Nos Estados Unidos, com seus grandes shows e eventos, não só em Las Vegas, Nevada, mas em diversos estados americanos, o show business, tendo jogos como pano de fundo, atraem milhões de turistas do mundo inteiro além da própria população norte americana.
O grande e inesquecível compositor e cantor carioca Almir Guineto tem um samba que diz assim: “tudo que se faz na terra se coloca Deus no meio, Deus já deve estar de saco cheio”. Impressiona o absurdo de segmentos extremistas que exploram a fé e a religiosidade genuínas do povo brasileiro introduzindo, em nome do povo cristão, falsas argumentações e retóricas que não cabem no mundo contemporâneo e que não encontram ressonância nos países protestantes e católicos mais desenvolvidos.
Há 77 anos o Brasil convive com uma ilegalidade hipócrita que constrange quem joga e marginaliza milhões de brasileiros que apreciam jogar em cassinos, bingos, jogo do bicho, carteado e etc. Até quando?
SÉRGIO CABRAL FILHO é jornalista, político, colunista e membro do conselho consultivo desta Tribuna da Imprensa Livre. Instagram @sergiocabral_filho
Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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