Por Pedro do Coutto –

A tese básica de que a Inteligência Artificial é uma criação humana, voltada para interesses humanos e realimentada pelo pensamento, é do cientista brasileiro Miguel Nicolelis, radicado nos Estados Unidos, e que deu base a um longo diálogo que o especialista Filipe Campello manteve com o ChatGPT, colocando-se a questão de que o acesso aos dados acumulados são muitos milhões e dos quais se utiliza  sem a correspondência de pagar direitos autorais.

O ChatGPT fugiu durante a extensa conversa do tema, procurando evitá-lo de todas as formas e sob todos os ângulos em que Campello insistia em se movimentar. Não respondia logicamente a hipótese de plágio, evitando de todas as maneiras pelos diálogos trocados e escritos na tela do computador. Logo, o ChatGPT está programado para bloquear esse tema de quaisquer indagações. Com isso, ele reconhece parcialmente a perspectiva do plágio e, portanto, escapa da nuvem em que o assunto é conduzido.

ARTICULAÇÃO – O fato essencial é que a plataforma capaz de desenvolver pensamentos lógicos é uma sofisticação avançada da Inteligência Artificial, uma vez que existe uma articulação entre os pensamentos e as frases. Fica a impressão de que os autores da engrenagem que dirigem o ChatGPT se preparam para esse tipo de colocação que desenvolvem os raciocínios de defesa de várias formas.

De outro lado, o ChatGPT alegou no diálogo com Filipe Campello que só poderia responder a questões até 2021, pois após essa data 0a sua memória ainda não havia sido atualizado. O que não deixa de ser engraçado, pois muitos fatos que o ChatGPT responde são posteriores a 2021.

REFORMA MINISTERIAL –  Thiago Resende, Julia Chaib e Catia Seabra, Folha de S. Paulo deste sábado, publicam reportagem assinalando que a ala mais política do governo já está prevendo e articulando uma reforma ministerial no final do ano para acomodar partidos que pretendem votar com o governo no curso dos projetos no Congresso Nacional.

Algumas mudanças poderiam ocorrer ainda em agosto, mas não existe certeza quanto à perspectiva. Afinal, a reforma até agora limitou-se à substituição de Daniela Carneiro por Celso Sabino na pasta do Turismo. Em outra matéria também na Folha de S. Paulo, Vitória Azevedo e Raquel Lopes destacam que o ministro Silvio Almeida dos Direitos Humanos encontra-se em processo de esvaziamento e críticas por iniciativas suas, entre as quais a planejada visita aos presídios estaduais do país. Silvio Almeida poderá ser um dos substituídos.

Lula tem que cobrar iniciativas por parte dos ministros e acaba deixando um espaço vazio para que as pressões por cargos de efetuem. É preciso que blinde a sua autoridade e não deixe com que os espaços vazios de cobrança conduzam a uma inércia natural e que serve de base para reivindicações sob a alegação do não funcionamento deste ou daquele ministro.

Os interesses partidários são sucessivos, sobretudo em vista às eleições de 2024. O poder não pode ficar vazio, pois em tal hipótese algum setor se movimenta para ocupá-lo. Essa opinião foi dita a mim em 1963 por Juscelino Kubitschek. A fragilidade do governo João Goulart expôs o Palácio do Planalto às investidas cada vez mais fortes da oposição comandada por Carlos Lacerda. A pressão atingiu o auge por culpa do próprio João Goulart ao comparecer à reunião dos sargentos na então sede do Automóvel Club do Rio de Janeiro na Cinelândia.

FAKE NEWS – No O Globo de ontem, Jeniffer Gularte publica matéria sobre a intenção ainda não totalmente consolidada do governo de incluir na lei de combate às fake news a possibilidade de que o assunto seja observado pela Controladoria-Geral da União. O assunto está sendo examinado em conjunto com o autor do substitutivo, deputado Orlando Silva.

Pessoalmente acho que o tema deva ser incluído na Lei de Imprensa, inclusive para evitar a criação de qualquer novo órgão encarregado da tarefa de combater as notícias falsas, mas que implica no risco de ser confundido com instrumento de censura prévia. É claro que a remoção das fake news tem que ser feita mais rapidamente possível para que ela não contamine a própria opinião pública.

Mas não pode existir uma lei preventiva para a prática de crimes. A lei pune os crimes, mas não os evita, até porque é impossível. No caso das fake news, elas podem ser evitadas, mas isso depende não da fiscalização governamental, mas pela própria visão dos dirigentes das plataformas.

O processo civil fica equiparado à Lei de Imprensa e assegurado o direito de resposta dos atingidos.


AGENDA

PEDRO DO COUTTO é jornalista.

Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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