Redação –
Brasileiro aposta em trabalho em equipe para repetir feito em Tóquio.
Arthur Nory fez história ao conquistar o título Mundial na barra fixa, inédito para a ginástica artística brasileira. Mas não foi só esse pioneirismo que tornou o feito especial para o atleta de 26 anos. A medalha de ouro que trouxe de Stuttgart (Alemanha) tem a assinatura de um de seus ídolos, o alemão Fabian Hambüchen, campeão olímpico do aparelho em 2016.
“Tenho a foto dele no armário aqui do clube [Pinheiros]. Quando descobri que ele fez a medalha, tive mais vontade ainda de querer ganhar, pois ela é única, exclusiva”, revela o ginasta em entrevista à Agência Brasil.
O brasileiro chegou à final em Stuttgart como candidato à medalha. Para brigar pelo ouro planejava uma série diferente da executada na fase classificatória, com um grau de dificuldade maior. A estratégia mudou à medida que os rivais se apresentaram.
“Vínhamos trabalhando essa outra série já pensando na Olimpíada. Para a final ele tinha as duas prontas. Mas final é algo tenso. Não se pode cometer erros médios. E os adversários que foram antes dele foram cometendo esses erros. Analisamos e concluímos que não precisaríamos da série mais difícil, mas a apresentação [com a série da classificatória] teria que ser impecável”, diz o técnico Cristiano Albino.
“Eu treinei a série mais difícil aquela semana toda, pois queria ganhar, queria ser campeão. Fui lá para isso. Então eu poderia correr esse risco ou fazer bem a da classificatória, que me garantiria uma nota boa. Fui para cima e deu tudo certo”, completa Arthur, que obteve 14.900 pontos, contra 14.666 do croata Tin Srbic (segundo colocado) e 14.533 do russo Artur Dalaloyan (terceiro colocado).
A medalha conquistada na Alemanha enriqueceu a bagagem de Arthur nos dois meses que ficou longe do Brasil. Antes foram três nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru (ouro por equipes e duas pratas, na barra fixa e no individual geral). O brasileiro ainda esteve em Wuhan, na China, mas foi poupado nos Jogos Mundiais Militares por causa de dores no ombro.
As conquistas vieram após a constatação, em maio, de que as dores no joelho esquerdo que incomodam Arthur há dois anos não tinham cura. Elas são causadas por uma condromalácia, um desgaste crônico na cartilagem. Por causa disso, apesar de já ser medalhista olímpico de bronze no solo, em 2016, a preparação visando a Olimpíada de Tóquio, no ano que vem, passou a priorizar de vez a barra fixa.
“Isso [lesão no joelho] dificulta a evolução no solo. [A apresentação] é boa, pode levá-lo à final, mas [disputar] medalha complica. Como ele sempre foi muito bom de barra, desde o início do ano demos um foco maior nesse aparelho. Vamos adotar estratégias para o Arthur fazer os demais aparelhos, até porque tem a competição por equipe e, provavelmente, ele pode disputar o individual geral. Porém, o planejamento será voltado para a barra”, explica Albino.
Arthur é o quarto brasileiro campeão mundial de ginástica. Antes dele venceram Daiane dos Santos (2003), Diego Hypolito (2005 e 2007) e Arthur Zanetti (2013). Deles, porém, apenas Zanetti também subiu ao pódio olímpico no ciclo, com a prata nas argolas nos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro. Para repetir o “xará” em 2020, Nory aposta no trabalho da equipe com a qual trabalha diariamente no Pinheiros, em São Paulo.
“No ano que vem também tenho que estar bem, competindo bem, preparar a cabeça para lidar com a pressão, entre aspas, de ser campeão mundial, de defender um título olímpico. Tenho acompanhamento com psicóloga, a Carla, desde 2009. São anos de trabalho com ela. São detalhes que podem fazer a diferença. Venho treinando técnicas de respiração, mentalização, de sentir a emoção na hora da série, da comemoração. E é tudo trabalhado em conjunto. O fisioterapeuta fala com o treinador, que fala com o médico. A nutrição também entra. Tudo para chegar ao resultado”, conclui.
Fonte: Agência Brasil
MAZOLA
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