Por Pedro do Coutto –
O encontro entre o Papa Francisco e Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, sábado no Vaticano, ficará para sempre na história universal como um capítulo dos mais importantes na luta pela liberdade, independência das nações e esforço pela paz . Dadas as circunstâncias que decorreram da invasão da Ucrânia pela Rússia de Vladimir Putin, o encontro, objeto de reportagem na Folha de S. Paulo deste domingo, assume uma grande importância, pois no fundo representa uma aceitação pela Cátedra de São Pedro do combate travado pelo governo de Kiev contra a onda de destruição e projeto de dominar o país pelo governo de Moscou.
Putin chegou a dizer em 9 de maio que a guerra contra a Ucrânia se assemelhava ao heroico combate russo de 1941 a 1945 contra as forças nazistas de Hitler que invadiram o país. A resistência russa, naquele tempo União Soviética, foi épica e a sua vitória contra o nazismo foi decisiva para a vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial.
SEM COMPARAÇÃO – Mas não tem comparação com a invasão da própria Rússia contra a Ucrânia. A comparação poderia ter sido feita pela Ucrânia contra Putin, lembrando inclusive que na invasão nazistas morreram 600 mil ucranianos e, no total, 20 milhões de russos, 40% das mortes em todo o conflito que começou em 1939 e acabou em maio de 1945.
Mas dentro da realidade atual, o panorama é outro e marca também um posicionamento do Vaticano, liderado pelo Papa Francisco, contra a invasão e os invasores, o que faltou ao Vaticano de Pio XII que permaneceu em silêncio diante do Holocausto e da morte de seis milhões de judeus nos campos de concentração. Por isso, no tempo atual, o fato assume uma dimensão histórica. Trata-se de um encontro simbólico entre o espírito e a existência humana. Assinala o compromisso da religião católica com a humanidade.
Esse encontro entre Francisco e Zelensky será singular porque é para mim totalmente improvável que o Papa e Putin possam se encontrar também. Francisco está disposto a ir a Kiev e também a Moscou. Mas Putin não parece disposto a um diálogo difícil.
“REGRA DO JOGO” – Reportagem de Renan Monteiro, O Globo deste domingo, destaca declarações feitas por Roberto Campos Neto à CNN quando comentou a indicação de Gabriel Galípolo para uma Diretoria do Banco Central. “Faz parte da regra do jogo”, afirmou.
Ele ressaltou a autonomia do BC e destacou que Galipolo será um voto no meio de nove, número de diretores do Bacen. Ironizou, portanto, qualquer posição voltada para reduzir a Selic de 13,75% ao ano. Campos Neto acentuou que “precisamos melhorar no Brasil a convivência com as regras ao invés de mudá-las”. Ele participou do programa da CNN “Caminhos”, apresentado por Abilio Diniz.
Roberto Campos Neto sustentou que a Selic está em 13,75% por ser um resultado da elevada dívida pública do país. “Se a dívida do governo fosse baixa, o custo do dinheiro seria menor”, afirmou. Mas é exatamente o contrário, inclusive a questão abordada por ele próprio, quando disse que os juros altos são para conter a inflação. Para mim, Campos Neto é contraditoriamente um devedor que defende o pagamento de juros mais altos aos credores. Absurdo completo.
PLATAFORMAS – A Ordem dos Advogados do Brasil, matéria de Patrícia Campos Mello, Folha de S. Paulo, está propondo a criação de um órgão regulador para as plataformas que funcionam no sistema da internet. Para a OAB seria um Conselho de Fiscalização. Não concordo.
Acredito que basta aplicar às plataformas digitais a Lei de Imprensa com o direito de resposta e os processos adequados em relação à prática de crimes já previstos na legislação. Não se trata de fiscalização, porque tal ideia pode ser interpretada como uma censura prévia. Trata-se de combater o anonimato que é inadmissível e a imunidade das plataformas, tão absurda quanto.
INSEGURANÇA – Enquanto o prefeito Eduardo Paes nas peças publicitárias na televisão destaca mudanças que ele ainda espera implantar, como realizações já feitas, esquece completamente da segurança coletiva. Agora mesmo, na noite de sexta-feira, o arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, foi assaltado na Avenida Brasil na altura de Barros Filhos. Voltava de Bangu onde rezou o Terço pela Paz na comunidade.
Eram 22h. O carro foi roubado da mesma forma que o celular, a roupa da missa, paramentos religiosos, livros, relógios e até o anel epicospal. Dom Orani e o motorista foram deixados à pé na Avenida Brasil. Alguém emprestou o telefone celular para que Dom Orani Tempesta ligasse para a sua residência. Essa insegurança é objeto de reportagens diárias no Jornal Bom dia Rio, da TV Globo.
CRECHES – Leonardo Vieceli e Pedro S. Teixeira, Folha de S. Paulo de domingo, publicaram com destaque matéria sobre o problema das mães no mercado de trabalho, sobretudo as que têm três filhos ou mais. Ficam obrigadas a se afastar do emprego por falta de tempo ou por vontade dos empregadores em consequência da licença remuneradas.
É um problema grave que precisa ser resolvido com objetividade. Uma das soluções seria a expansão da rede de creches públicas, pois as particulares têm um custo muito alto. Tive contato com o problema quando há muitos anos fui diretor da LBA quando presidida pelo engenheiro Luís Fernando da Silva Pinto. Foi uma administração exemplar pela honestidade e pelos resultados concretos.
Um deles foi a expansão muito grande da rede pública de creches. Pesquisas revelaram que para cada duas crianças havia uma mulher casada ou solteira precisando trabalhar , não podendo fazê-lo porque não tinha com quem deixar as crianças. Por aí, vê-se a importância do assunto.
PEDRO DO COUTTO é jornalista.
Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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