Por Emanuel Cancella –
Mais de 130 anos depois da libertação dos escravos, deparamo-nos com os aplicativos e seus “empreendedores”, na verdade, uma nova modalidade de escravidão, global e piorada.
Ainda há outra modalidade que são os escravos das fazendas de hoje, que ainda pagam a comida, a moradia e a conta do armazém e não veem sobrar nada do salário.
Lembrando que o Brasil foi o maior país escravocrata e o último país a libertá-los e hoje já temos 1.7 milhões de trabalhadores de aplicativos (1).
Falei para minha filha que pelo menos os escravos moravam numa senzala e tinham direito à comida e ela me corrigiu afirmando que eles não tinham liberdade e que todos estavam sujeitos ao pelourinho, principalmente os rebeldes.
Na verdade, eles comiam as sobras do pessoal da Casa Grande. Mas com o que sobrava da mesa da Casa Grande, os escravos criaram uma culinária universal, podemos citar a feijoada, o angu à baiana e a rabada, por exemplo.
Os escravocratas criavam narrativas do tipo: manga com leite dá nó nas tripas para os escravos diminuírem o consumo do leite. E eles acreditavam!
E não podemos esquecer que a escravidão era lei! Somos gratos à princesa Isabel, mas se ela não assinasse a lei Áurea, os abolicionistas iriam conseguir na marra.
Agora os escravocratas voltam com uma versão global piorada da escravidão, a dos aplicativos usando negros e brancos. Não possuem férias, 13º, final de semana remunerada nem aposentadoria, nenhum direito.
Agora incutiram na cabeça dos escravos da modernidade que eles são patrões empreendedores. Muitos deles também acreditam!
Assim como era lei no Brasil a escravidão, os aplicativos são globalizados.
Fomos o último a libertar os escravos vindos da África, com os escravos da modernidade vindos dos EUA e Europa, quanto tempo levaremos para libertá-los?
Fonte:
EMANUEL CANCELLA – Advogado (OAB/RJ 75.300), ex-presidente do Sindipetro-RJ, fundador e ex-diretor do Comando Nacional dos Petroleiros, da Federação Única dos Petroleiros (FUP), fundador e coordenador da FNP, ex-diretor Sindical e Nacional do Dieese, colunista desta Tribuna da Imprensa Livre, sendo também autor do livro “A Outra Face de Sérgio Moro” que pode ser adquirido no site Mercado Livre. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2017 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.
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