Por Pedro do Coutto –
Francamente, como era previsto – acontece sempre -, o aumento nos preços da gasolina e do etanol nos postos de abastecimento que formam a rede distribuidora superam por larga margem as elevações fixadas pelo governo para manter a arrecadação tributária em nível desejado. Reportagem de Bruno Rosa e Pedro Guimarães, O Globo desta quinta-feira, revela que o aumento fixado para a gasolina foi de R$ 0,34 por litro. Mas os postos aumentaram o preço em R$ 0,60 por litro, quase o dobro.
No caso do etanol, o acréscimo do governo era de R$ 0,02 por litro. Entretanto, nas bombas o aumento é de R$ 0,20, dez vezes maior. Este é o panorama colocado à frente dos consumidores, no caso dos carros de passeio, principalmente, já que o gás veicular é utilizado pelos táxis. O diesel e o gás de cozinha não subiram para os consumidores porque o governo fixou em 0% qualquer alteração.
FIXAÇÃO DE PREÇOS – Vamos ver se a determinação será cumprida também pelos dois setores que impactam mais fortemente os transportes coletivos e o consumo domiciliar de gás. Na edição de terça-feira, Fernanda Trisotto, Renan Monteiro, Manuel Ventura e Bruno Rosa, O Globo, previram o que poderia acontecer, e aconteceu, numa reportagem que focalizou o fato de que os postos de distribuição (as bombas existentes) têm liberdade para fixar os seus preços numa justificativa baseada na livre concorrência.
No Brasil, entretanto, digo, a livre concorrência só causa efeitos para cima e não para estabilizar preços dos mercados de consumo. Fica mais esse exemplo do processo que parece eterno de concentração de renda no Brasil. Essa mesma concentração de renda impede o desenvolvimento social e bloqueia o avanço real da remuneração do trabalho humano.
Os salários continuam, portanto, perdendo para a inflação numa corrida que se repete de forma permanente. O desenvolvimento social e seus efeitos positivos junto à população só serão resolvidos quando os salários deixarem de perder para o processo inflacionário, que, no fundo da questão, só interessa aos bancos e aos grandes investidores do mercado financeiro. Como não existe crédito sem débito, princípio de contabilidade, alguém tem que pagar a conta.
GOLPE DE 64 – O general Tomás Miguel Paiva, comandante do Exército, vetou qualquer manifestação ou inclusão na Ordem do Dia dos quartéis sobre o golpe de 31 de março de 1964 que derrubou o presidente João Goulart e implantou uma ditadura militar no país, que se dividiu em várias etapas conforme os livros de Elio Gaspari, e terminou em março de 1985 com a eleição de Tancredo Neves e a posse de José Sarney na Presidência da República.
Foram 21 anos de poder, principalmente com o Ato Institucional nº 5 e violação total dos direitos humanos. As eleições diretas de 1965 foram suprimidas e adiadas através do processo indireto em 1966. O adiamento atingiu diretamente o governador Carlos Lacerda, cuja candidatura foi lançada pela UDN num caminho que ele próprio julgava livre com a cassação absurda do ex-presidente Juscelino Kubitschek. Reportagem no O Globo de Bela Megale focaliza nitidamente a decisão do general Tomás Miguel Paiva.
PEDRO DO COUTTO é jornalista.
Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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