Por Wladmir Coelho –
A classe média segue soprando chifre de boi e os comentaristas econômicos com suas notícias falsas.
1 – O discurso da uberização iludiu – e ainda ilude – os ingênuos e foi habilmente utilizado para justificar as ditas reformas trabalhistas prometendo os seus idealizadores um mundo de maravilhas a partir do sepultamento da CLT, acusada na imprensa “livre” e “defensora da democracia”, de entulho do paternalismo getulista. A classe média colonizada, herdeira direta do udenismo lacerdista e entreguista, tratou de papaguear a conversa fiada dos comentaristas econômicos a serviço do capital e debruçada na janela acreditou que a banda tocava pra ela.
2 – As promessas de tempos fantásticos dos comentaristas econômicos, com aquelas caras de azia crônica misturada com tédio incurável, não passavam de notícias falsas (“fake news” como preferem os liberais colonizados) verificando-se em pouco tempo – apesar do oba-oba das reformas – uma quebradeira geral atribuída de forma hipócrita ao vírus e não ao aumento da exploração do trabalhador.
3 – O dono da padaria, do restaurante o franqueado do chocolate continuam ingenuamente acreditando no discurso do mercado acima de tudo e muitos até investem seu capitalzinho em açõezinhas ignorando as lições de Geografia, ou seja, os grandes fundos de investimentos estão localizados em Wall Street e seus controladores recebem em dólares e além disso não compram pão, bombom, roupa ou almoçam na esquina aqui do bairro. Este consumo cabe ao trabalhador nacional, maioria da população, integrante do chamado mercado interno.
4 – A verdade é a seguinte: a classe média caiu no conto do vigário da liberdade total do mercado e contribuiu para o aprofundamento da dependência do Brasil e alucinada passou a soprar chifre de boi nas ruas acreditando que estava em Austin defendendo a redução do país a condição de exportador de minério, petróleo e soja destruindo a outra parte do “populismo” getulista, a saber, o projeto de industrialização e emancipação nacional. OBSERVAÇÃO: A pequena burguesia de nosso amado torrão sofre de colonialismo congênito aprofundado numa educação baseada na lenda do “destino manifesto” crendo, por isso mesmo, na criação de uma potência a partir da soma de atos individuais desprovidos de relações. Não conhecem a história dos Estados Unidos, desconhecem a do Brasil e defendem uma fantasia, uma alucinação.
5 – A classe média vibra com as notícias de privatização da Petrobras, da eletricidade, da água, da saúde, da educação acreditando que participa da festa ignorando o abismo no qual atira-se dopada pela ideologia do “destino manifesto”, do você pode, o Estado atrapalha somado a defesa da dependência econômica escondida na demência verde-amarelista ou entreguismo fantasiado de patriotismo.
6 – Enquanto isso nas escolas do povo – não confundir com escola popular – a ideologia do individualismo ganha forma através do chamado “projeto de vida” um modo de transferir aos filhos dos trabalhadores a responsabilidade pela tragédia econômica criada a partir dos interesses na manutenção ou aumento das taxas de lucro, da exportação de empregos via redução da economia nacional em exportadora de produtos primários fato que não assusta os fundamentalistas religiosos e moralistas de plantão, os verde-amarelistas e menos ainda o objeto engalanado do fetiche destes.
7 – O trabalhador é o grande prejudicado pela política econômica fundada na ideologia do entreguismo, da destruição dos meios necessários a superação do atraso econômico tornando-se vítima de um modelo cínico que apresenta como solução o individualismo debochadamente vendido como empreendedorismo amparado no discurso canalha do “fim do emprego”.
O trabalhador paga o pato!
WLADMIR COELHO – Professor do Instituto de Educação de Minas Gerais – IEMG; Superintendente de Juventude da SEE-MG; Editor do blog Política Econômica do Petróleo e Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2018 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.
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