Redação

Em apuração acirrada, petista confirma projeções das pesquisas e vence Jair Bolsonaro, primeiro presidente a não se reeleger.

O candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República, foi eleito neste domingo (30) para um terceiro mandato após 12 anos, desde que deixou o Palácio do Planalto. Lula recebeu 50,9% dos votos válidos, ante 49,1% de Jair Bolsonaro (PL), atual chefe do Executivo federal, que tentava a reeleição.

Conforme informações divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Lula venceu na região Nordeste, que votou em peso no petista. Já Sudeste, Norte, Sul e Centro-Oeste votaram majoritariamente em Bolsonaro.

Quem é Lula

Nascido em Caetés, no agreste pernambucano, em 27 de outubro de 1945, Luiz Inácio Lula da Silva migrou com a mãe e sete irmãos para São Paulo, onde trabalhou como engraxate na infância e aprendiz de metalúrgico na adolescência. Iniciou a carreira política no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo aos 23 anos, em 1968, início do período mais repressivo da ditadura militar.

No final da década de 1970 e início da década seguinte, Lula foi o líder de uma das maiores e principais greves de operários da Grande São Paulo. Junto a outros sindicalistas, ficou preso durante um mês pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), enquadrado na Lei de Segurança Nacional.

Em 1982, formalizou a criação do Partido dos Trabalhadores com apoio de sindicalistas, intelectuais, religiosos da Igreja Católica e políticos influentes. No ano seguinte, fundou a Central Única dos Trabalhadores (CUT), uma das maiores centrais sindicais do Brasil.

Arte TIL / Fotos: Arquivo Google

Já com o PT criado, Lula foi candidato a governador de São Paulo em 1982, quando ficou em quarto lugar, com 10,77% dos votos. Em 1986, foi eleito deputado federal constituinte por São Paulo.

Em 1989, disputou sua primeira eleição presidencial. Em uma das disputas mais equilibradas da história, chegou ao segundo turno, mas foi derrotado por Fernando Collor (PRN), por 53,03% a 46,97%. A partir dali, se consolidou como a principal liderança do país no campo da esquerda, e principal figura de oposição aos governos que viriam a seguir.

Em 1994 e 1998, com o sucesso do Plano Real, Lula perdeu duas eleições presidenciais seguidas para Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ambas no primeiro turno. Obteve, respectivamente, 27,07% e 31,71% dos votos.

Em 2002, foi eleito pela primeira vez à presidência da República, após vencer no segundo turno contra José Serra (PSDB). Quatro anos depois, se elegeu contra Geraldo Alckmin (PSDB).

Seus 8 anos de governo foram marcados por bons resultados nas políticas sociais e na economia, mas também por escândalos de corrupção. Programas sociais como Bolsa Família, Luz Para Todos, Farmácia Popular e ProUni, entre outros, são bandeiras levantadas pelos petistas, além de um crescimento médio de 4% do Produto Interno Bruto ao ano.

Ao mesmo tempo, em 2005, foi revelado o escândalo do Mensalão, no qual parlamentares recebiam propina para garantir apoio a projetos de interesse do governo. O caso, aliado a outros de irregularidade, ajudou a fomentar o antipetismo.

Em 2010, Lula consegue eleger a sucessora, Dilma Rousseff (PT). Dois anos depois, o petista foi diagnosticado com um câncer na laringe, do qual se recuperou plenamente apenas em 2014.

Dilma Rousseff e Lula. (Crédito: Ricardo Stuckert)

A partir de 2015, começou a ser investigado pela Operação Lava Jato, na qual se tornou réu em vários projetos por suposta corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influência. Foi condenado em dois projetos pelo juiz Sergio Moro, na Justiça Federal do Paraná: o referente à suposta aquisição de um triplex no Guarujá (SP) e o que trata do sítio de Atibaia.

No processo do tríplex, também foi condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, de Porto Alegre, em 2018, o que o tirou das eleições presidenciais daquele ano, devido à Lei da Ficha Limpa. A condenação também foi referendada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Passou 19 meses preso na carceragem, quando no fim de 2019, o Supremo considerou Moro parcial no julgamento e que os casos do tríplex do Guarujá, sítio de Atibaia e duas ações envolvendo o Instituto Lula deveriam ter sido julgados pela Justiça Federal em Brasília, e não em Curitiba.

Assim, foram anuladas as condenações e o petista teve seus direitos políticos restabelecidos, possibilitando que ele se candidatasse neste ano eleitoral.

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Mídia internacional descreve vitória de Lula como ‘volta histórica’

A mídia internacional dos dois lados do Atlântico descreve a vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como uma volta histórica e surpreendente em um país polarizado.

O britânico Financial Times descreve a conquista de Lula como “um retorno histórico” e “dramático”. Além de comentar a comemoração de cidadãos em diferentes cidades brasileiras, o FT afirma que “a vitória de Lula segue uma campanha amarga marcada por notícias falsas e violência em um clima de polarização, levando a preocupações de conflito pós-eleitoral”.

O The News York Times também usou as palavras “amarga e longa” para se referir à corrida eleitoral brasileira e disse que a eleição de Lula é um freio no movimento de extrema direita do presidente Jair Bolsonaro (PL). “A vitória completa um renascimento político impressionante de Lula – da presidência à prisão e de volta – que já parecia impensável”.

Já o The Guardian afirmou que Lula selou um retorno “surpreendente” ao derrotar “o titular de extrema-direita Jair Bolsonaro em uma das eleições mais significativas e contundentes da história do País”.

O Washington Post, por sua vez, comenta a volta “memorável” do “ícone” da esquerda latino-americana menos de três anos após sua saída da prisão, “com as promessas de defender a democracia, restaurar a justiça social e salvar a floresta Amazônia”. A BBC também comenta a polarização vivida durante a campanha eleitoral no País.

Fontes: O Tempo e Estadão Conteúdo

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