Redação –

O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello enviou manifestação à revista eletrônica Consultor Jurídico após a confirmação da vitória de Lula na corrida presidencial.

No texto, Celso de Mello afirma que a derrota de Bolsonaro representa o predomínio da luz sobre as trevas, o primado do regime democrático sobre a ordem autocrática.

Celso de Mello (SCO/STF)

Leia abaixo a manifestação na íntegra:

A VITÓRIA ELEITORAL de Lula, que teve um alto significado para o bem do Brasil, REPRESENTA O PREDOMÍNIO da luz sobre as trevas, O PRIMADO do regime democrático sobre a ordem autocrática, A HEGEMONIA do conhecimento, da cultura e do pensamento científico sobre a mais supina ignorância e o mais profundo negacionismo, O PREVALECIMENTO das virtudes republicanas sobre a indignidade de um candidato tosco, inepto e intolerante, ALÉM DE REAFIRMAR o compromisso irrenunciável com a diversidade e com políticas inclusivas de Estado, A SIGNIFICAR, como natural consequência dessa visão iluminista (e progressista), FRONTAL REJEIÇÃO a qualquer espécie de discriminação e de preconceito de classe, de etnia, de gênero, de orientação sexual e de religião, entre outros tipos aberrantes de exclusão arbitrária e seletiva, especialmente aqueles tipos fundados em ódio verdadeiramente patológico, em intolerância absolutamente irracional e em injusto (e inaceitável) repúdio à ideologia de gênero !

A derrota contundente de Bolsonaro que lhe foi imposta em razão da legítima — e inquestionável — vontade do povo brasileiro traduziu gesto expressivo e importante em defesa da ordem constitucional e da subsistência do regime democrático! 

A vitória de Lula significou, no presente momento histórico, a única opção ética e politicamente legítima que se ofereceu aos cidadãos em processo eleitoral inteiramente livre e rigorosamente obediente ao texto da Constituição e das leis da República!!! 

Com a sucumbência eleitoral de Bolsonaro, cumprir-se-á, agora, quanto a ele, o destino infame reservado aos autocratas ( que são os governantes que buscam, incessantemente, a expansão ilimitada de seus poderes), fortalecendo-se, como uma das consequências virtuosas e inevitáveis resultantes da derrota nas urnas do atual Presidente da República, o primado essencial da fórmula democrática, que repudia, de um lado, realidades distópicas e mentes sombrias que celebram o obscurantismo e o retrocesso social, cultural, ambiental e institucional, cultivando o ódio, a mentira, o desvalor da alteridade, o medo, a intolerância e o fundamentalismo religioso como instrumentos inaceitáveis de ação política, e que rejeita, de outro, pretensões incompatíveis com o “ethos” que informa, ilumina e enriquece as sociedades civilizadas que se nutrem, continuamente, dentre outros valores, da liberdade, do pluralismo de ideias e opiniões, das diretrizes legitimadas pelo pensamento democrático e do respeito incondicional às instituições do Estado!!!

Fonte: ConJur

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