Por Pedro do Coutto –

O apoio entusiasmado  de Simone Tebet tornou-se um fator de rejuvenescimento da campanha do ex-presidente Lula da Silva, que aliás estava necessitando de uma forte presença, e representa, sem dúvida alguma, a juventude na política brasileira, nas ideias e nas afirmações. As imagens divulgadas nos jornais de sexta-feira na TV Globo e na GloboNews, e as fotos nas edições deste sábado no O Globo e na Folha de S. Paulo, iluminam nitidamente essa transformação.

Por seu turno, também incluindo fotos expressivas, as imagens divulgadas de Lula com FHC, que disputaram as eleições de 94 e 98, trazem consigo o reencontro na história marcado pelo posicionamento de ambos contra a ditadura militar. A pesquisa do Datafolha publicada na noite de sexta-feira, certamente não abrangeu qualquer efeito dos dois atos políticos de apoio.

EFEITOS – Possivelmente, a pesquisa de segunda-feira do Ipec talvez exprima alguma consequência em matéria de voto. Os efeitos da política são extremamente dinâmicos, mas os de maior impacto exigem sempre mais alguns dias para a sua digestão por parte dos eleitores e eleitoras do país.

De qualquer forma, houve uma aproximação na corrida pelo voto, fenômeno que ocorreu na reta de chegada do primeiro turno e traduzido tanto pelo Ipec quanto pelo Datafolha numa diferença de cinco pontos. Essa foi também a diferença registrada nas urnas do dia 2 de outubro. A competição ganhou um acirramento e pontos de inflexão que podem ser decisivos para o desfecho final. No O Globo, a reportagem  é de Malu Mões e Sérgio Roxo.

Um dos aspectos que somou muito para o avanço de Bolsonaro, sem dúvida, está na vantagem de Tarcísio Freitas sobre Fernando Haddad de 50% contra 40%, resultado de grande importância, sobretudo por São Paulo ser o maior colégio eleitoral do país. No O Globo, a matéria é de Bianca Gomes e Malu Mões.

DIVISÕES DO VOTO – Esse aspecto da pesquisa do Datafolha está bem analisada por Bernardo Mello, O Globo de ontem, e um ponto chama a atenção. O Datafolha adotou o seguinte critério para dividir as tendências de voto por segmento de renda mensal: até dois salários mínimos, Lula tem 54% e Bolsonaro 37%. Bolsonaro assim reduziu a diferença para 17 pontos quando anteriormente era de 26. Mas na escala dos que ganham mais do que 10 salários mínimos, Lula tomou à frente com 52% contra 43%.

Neste ponto uma surpresa, pois a vantagem de Bolsonaro sobre Lula nessa escala era maior. Mas esse é um detalhe que pode ter importância decisiva e talvez ser alterado por pesquisa  posterior. A pesquisa final, neste momento, não é um prognóstico. Esse fica para a véspera das urnas. É apenas uma fotografia de uma tendência caso as eleições se realizassem ontem ou hoje.

DEBATE –  Lula e Bolsonaro confirmaram presença no debate promovido pela TV Band no próximo domingo e também no confronto na TV Globo e na GloboNews marcado para o dia 28 de outubro. A Folha de S. Paulo publicou ontem matéria sobre a presença tanto de Lula quanto de Bolsonaro nos dois debates na televisão.

O da TV Band inclui um pool formado pela Folha de S.Paulo, pelo portal Uol e também pela TV Cultura. São debates, portanto, de extraordinária importância para os rumos finais das eleições de 2022.

IMPACTOS E IMPREVISTOS –  Nas eleições, o comportamento dos candidatos muitas vezes leva a impactos e imprevistos cujas consequências em termos de votos somente aparecem nos dias finais da campanha e na verdade nas urnas.

Reportagem de César Feitosa, Renato Machado e Matheus Teixeira, Folha de S. Paulo, revela que na sexta-feira em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro voltou a se exaltar, e em voz alta atacou Lula da Silva e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes.

Em tom veemente, Bolsonaro desafiou Moraes a mostrar o valor das movimentações financeiras de sua esposa, Michelle Bolsonaro. Não explicou o motivo de seu desafio, mas disse: “Você, Alexandre de Moraes, está ajudando a enterrar o Brasil por questão pessoal que não sei bem qual seja. Para onde vai o Brasil com essa quadrilha voltando ao governo?”.

QUEBRA DE SIGILO – Bolsonaro condenou a quebra de sigilo de seu ajudante de ordens, Mauro César Barbosa Cid, classificando o ato como um um crime. Estendeu os ataques aos ministros do Supremo, acrescentando que tem o “rabo preso com Lula”.

Em matéria de Supremo Tribunal Federal, numa entrevista à Veja que se encontra nas bancas, aliás como tinha sido anunciado na sexta-feira na GloboNews pela jornalista Eliane Cantanhêde, o presidente Jair Bolsonaro afirma que se eleito vai agir para alterar a composição do STF, aumentando em cinco o número de ministros através de Emenda Constitucional.

Informações que têm origem na própria Corte Suprema, focalizam o ângulo da questão que é das cláusulas pétreas constitucionais, dispositivo que não prevê emendas, restringindo alterações que venham a ocorrer à decisão exclusivamente à uma nova Constituinte.

Pedro do Coutto é jornalista.

Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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