Redação

Isolado após PSDB, MDB e Cidadania escolherem a senadora Simone Tebet (MSB-MS) como virtual pré-candidata a presidente da terceira via, o ex-governador João Doria (SP) deve fazer um recuo estratégico nas próximas semanas. A informação circula entre aliados do paulista sob o argumento de que é hora de submergir e jogar pressão sobre Tebet, cuja pré-candidatura, assim como a de Doria, também enfrenta questionamentos no seu próprio partido.

Segundo pessoas próximas ao ex-governador, a aposta é que Tebet, desconhecida da maior parte do eleitorado, terá dificuldade de se viabilizar antes do fim de agosto, quando começa a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV. Até agora, a senadora não passou de 1% nas pesquisas de opinião, enquanto Doria aparece com 3%, segundo o último levantamento do Datafolha.

Além disso, Tebet precisa vencer obstáculos no MDB. No Nordeste, uma ala de líderes emedebistas defende a retirada da candidatura própria da sigla e quer apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

MDB DIVIDIDO– Em outras regiões, como Norte, Centro-Oeste e Sul, há lideranças do MDB que preferem o presidente Jair Bolsonaro. Ainda assim, aliados de Tebet sustentam que a senadora tem o apoio da maioria dos diretórios estaduais. A ala pró-Doria, no entanto, contesta essa tese e acredita que ela não terá o aval do seu partido.

Inicialmente, Doria havia ameaçado recorrer à Justiça Eleitoral para cobrar respeito às prévias presidenciais do PSDB, garantindo sua candidatura ao Planalto. No entanto, esse movimento perdeu força no entorno do paulista. Ele admite que, embora tenha sido escolhido pela militância nas prévias, hoje não recebe mais apoio da cúpula tucana, tampouco dos pré-candidatos a deputado, senador e a governos estaduais.

Até mesmo o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, se desvinculou do antecessor em razão de avaliar que pode ser atrapalhado por sua rejeição nas pesquisas.

CARTA FOI ERRO – Aliados avaliam que a carta de Doria junto com seu advogado enviada, ao presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, foi um erro e que uma eventual judicialização só deveria ser cogitada mais perto da convenção nacional tucana, que deve ocorrer entre julho e agosto.

O cenário de questionamento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) poderia ocorrer caso o PSDB decidisse fechar apoio a uma aliança com Tebet na cabeça de chapa ou optasse por lançar outro nome tucano, como o ex-governador Eduardo Leite (RS) ou senador Tasso Jereissati (CE).

Os advogados de Doria se valem de um artigo no estatuto tucano que garante homologação da candidatura, na convenção nacional, ao vencedor das prévias presidenciais. A direção do partido contesta e diz que a convenção tem autonomia e que uma aliança partidária estaria acima das primárias.

SEM CANDIDATO – Outro ponto que anima o grupo de Doria é a ala tucana que rejeita o apoio ao MDB e a possibilidade de ficar sem candidatura própria. Desde sua fundação, o partido nunca deixou de lançar candidato a presidente. Esse movimento é visto como uma quebra de tradição e uma espécie de confissão de que a sigla perdeu de vez a relevância.

Nesse sentido, caso o debate a favor de uma candidatura própria volte a ganhar força entre os tucanos, Doria poderia reapresentar sua candidatura com mais apoio.

Pessoas próximas a Doria já admitem preferir que o PSDB apoie outro nome da sigla a escolher pelo MDB de Tebet. Nesse cenário, Doria tem dito que descarta concorrer ao Senado ou a uma cadeira na Câmara dos Deputados.

Fonte: O Globo

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Doria receberá cúpula tucana nesta segunda, em São Paulo, para avaliar sua candidatura

Por Gerson Camarotti

O ex-governador de São Paulo João Doria, pré-candidato do PSDB à Presidência, vai receber nesta segunda-feira (23), em São Paulo, a cúpula tucana para debater a sucessão presidencial e a definição do candidato da terceira via.

Inicialmente, o PSDB tinha marcado a reunião para a última quarta-feira (18), em Brasília. Mas Doria avisou que, por razões de agenda em São Paulo e em Goiânia, não iria conseguir se deslocar para a capital federal.

NOVA TENTATIVA – A tentativa da cúpula tucana é retirar a candidatura de Doria para consolidar o nome da senadora Simone Tebet (MDB) como candidata da terceira via.

Em conversa com o Blog, Doria disse que não vai desistir da disputa ao Palácio do Planalto. Questionado sobre a pressão da cúpula tucana para que retire seu nome da corrida presidencial, o ex-governador de São Paulo afirmou que não há razão para apresentar a desistência. “Qual a razão para desistir? Nenhuma”, disse.

Doria também contestou a pesquisa para definir a candidatura da “terceira via”. O material foi encomendado pelo PSDB, MDB e Cidadania ao instituto GPP e analisado na última quarta-feira (18).

“ESTOU NA FRENTE” – “Nas pesquisas, estou na frente da Simone. Verdade que estamos todos lá embaixo, mas estou na frente dela em todos os quesitos. Inclusive, na rejeição, que tem que ser olhada proporcionalmente ao conhecimento dos candidatos. E a minha rejeição é menor do que a da Simone”, ressaltou Doria.

O pré-candidato do PSDB tem tentado se equilibrar na relação com o partido. “Estou aberto ao diálogo”, ressaltou. Mesmo assim, demonstrou contrariedade por não ter sido convidado para participar da reunião da Executiva Nacional do PSDB na última terça-feira em que se debateria a sucessão presidencial.

“Não fui convidado para reunião. E fizeram tudo isso sem o resultado da pesquisa. Como fazer uma reunião antes de ter a pesquisa?”, questionou o ex-governador.

Fonte: G1


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