Por Jeferson Miola

“A preservação dos direitos políticos de Moro é uma aberração política e jurídica”.

Se as instituições e a justiça funcionassem normalmente e o país não estivesse sob um Estado de Exceção, a candidatura presidencial do Sérgio Moro provocaria, além de muito asco e indignação, medidas legais severas do Estado brasileiro.

A preservação dos direitos políticos de Moro é uma aberração política e jurídica. E, também, uma bofetada no pouco que ainda resta de democracia no Brasil. É sintoma, enfim, do apodrecimento da democracia brasileira.

A Suprema Corte reconheceu que Moro foi um juiz suspeito, parcial; um agente mafioso que corrompeu o sistema de justiça para satisfazer interesses pessoais e políticos e dar vazão ao ódio de classe contra Lula e o PT.

Tanto mais se conhecem as consequências catastróficas para o país da atividade criminosa de Moro na magistratura – destruição da economia e de milhões de empregos, fome, miséria etc –, tanto mais revoltante é vê-lo ser incensado pela mídia e desfilando impunemente na arena política.

O atentado à democracia e ao Estado de Direito perpetrado por Moro e funcionários públicos que se articularam como máfia organizada a mando dos EUA é, sem dúvida, o maior de todos os crimes.

O reconhecimento da atuação suspeita e enviesada de um juiz é o mais grave castigo da carreira jurídica. Mais além de implicações de ordem ética ou moral, a suspeição do Moro deveria ensejar, contudo, medidas criminais e legais de parte das instituições do Estado.

O ex-juiz, assim como outros comparsas da gangue de Curitiba que agora se lançam sem disfarces na política partidária, como Dallagnol e Janot, deveriam estar respondendo a processos judiciais e, inclusive, em alguns casos, já deveriam estar em prisão preventiva.

Enquanto as oligarquias dominantes e sua mídia hegemônica empenham-se em cacifar Moro como opção para a continuidade do programa ultraliberal sem Bolsonaro, o mundo se escandaliza com a impunidade daquele que é o grande executor do maior escândalo de corrupção judicial da história.

É preciso repetir que a candidatura de Moro é um ataque à democracia e significa a sublimação, pelas oligarquias dominantes e sua mídia, do gangsterismo político. Moro é inimigo da democracia e representa uma ameaça perigosa e permanente ao Estado de Direito.

Ele é uma variante do Bolsonaro e do bolsonarismo com outro figurino. Os mesmos setores que o apoiam – capital financeiro, lúmpen-burguesia, latifundiários, direita, extrema-direita e partido dos generais – são os mesmos que apoiam e sustentam Bolsonaro e o governo militar.

JEFERSON MIOLA – Jornalista e colunista, Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial.


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NOTA DO EDITOR: Quem conhece o professor Ricardo Cravo Albin, autor do recém lançado “Pandemia e Pandemônio” sabe bem que desde o ano passado ele vêm escrevendo dezenas de textos, todos publicados aqui na coluna, alertando para os riscos da desobediência civil e do insultuoso desprezo de multidões de pessoas a contrariar normas de higiene sanitária apregoadas com veemência por tantas autoridades responsáveis. Sabe também da máxima que apregoa: “entre a economia e uma vida, jamais deveria haver dúvida: a vida, sempre e sempre o ser humano, feito à imagem de Deus”. (Daniel Mazola) – Crédito: Iluska Lopes/Tribuna da Imprensa Livre