Por Iluska Lopes

A reportagem da Tribuna de Imprensa Livre tem acompanhado com profunda preocupação a situação rural no Estado de Rondônia, e nosso correspondente nos informa que há uma Operação de guerra montada.

São mais de 800 famílias nos acampamentos Tiago dos Santos e Ademar Ferreira. Rondônia tornou-se um laboratório da repressão e do massacre dos camponeses pobres, sem terra ou com pouca terra.

Saiba mais: Invasores são notificados por ocupação irregular na Reserva Aquariquara em RO. (G1)

Alinhado umbilicalmente com o grande latifúndio, à grilagem de terras públicas da União, com a pistolagem e com as milícias privadas, há um conluio macabro que envolve o Governo de Rondônia, a Secretaria de Segurança de Rondônia, o Ministério Público estadual e o Judiciário, que ostenta, nesse momento, firme e dedicado apoio do Presidente da República e de seu filho Senador, que têm se feito presentes no Estado para reiterar pessoalmente esse apoio, no que diz respeito a conjurar e criminalizar a luta pela terra e a Liga dos Camponeses Pobres – LCP, e promover uma política de terror de Estado no campo, com a execução sumária de camponeses, sempre com a desculpa deslavada de responder a um confronto armado.

Saiba mais: URGENTE! Mais de 3 mil soldados se preparam para novo massacre na Área Tiago Campin dos Santos, em RO. (AND)

Nas grandes cidades, e, em particular, aqui no Rio de Janeiro, conhecemos bem como isso ocorre, embora se desconheça a realidade do campo, pois, é tema quase inexistente, nos grandes centros, onde as populações não têm a menor ideia da dimensão em que a barbárie está em curso em Rondônia, por exemplo.

O Governador é alinhado ao Governo Federal, assim como seu Secretário de Segurança, Coronel PM Pachá, conhecido como o “Carniceiro de Corumbiara”, por ter comandado, à época, como Tenente, o assim conhecido “Massacre de Corumbiara”, que os camponeses chamam de “Batalha de Santa Elina”.

A política é de intenso “terrorismo de Estado”, num ambiente de ausência total do propalado do Estado Democrático de Direito. Nos inquéritos e processos a Polícia e o Ministério Público tratam a LCP como organização criminosa e terrorista, numa orquestração que visa à construção da figura do “sujeito terrorista”, a justificar todo tipo de violências e condenações. As provas dessas barbaridades são, via de regra, sonegadas pelo sistema de segurança, que só as utilizam para a criminalização dos camponeses, mas, as omitem, quando para apurar os crimes bárbaros de suas forças de segurança e das milícias privadas, cujos quadros se confundem.

O trabalho de inteligência é feito pela Polícia Militar e é usado para planejar os ataques e a criminalização, que, em seus inquéritos e processos utiliza esse tipo de prova ILEGAL, ILÍCITA, como já pacificado pelo STF.

Ao lado disso, e da farsa da falida política de Reforma Agrária, desde 2016 não foi feito um assentamento sequer, e, pelo contrário vem se acirrando dia a dia a violência no campo, contra o povo camponês pobre, sem terra ou com pouca terra, contra os caiçaras e ribeirinhos, os quilombolas e os indígenas; a grilagem foi legalizada; o armamento pesado dos latifundiários foi autorizado (o povo armado do Presidente).

A Força Nacional de Segurança, utilizada politicamente para reprimir o povo, despreza a função que deveria exercer, de força mediadora e apaziguadora dos conflitos agrários, para se somar a um dos lados da contenda, o desequilibrando ainda mais, em prejuízo do povo camponês, numa covardia sem tamanho, como já denunciado por importantes setores do Ministério Público Federal e da Comissão Pastoral da Terra.

Há dias estão se acumulando, progressivamente, em Nova Mutum Paraná – Distrito Rural de Porto Velho – RO, grande número de viaturas policiais, tropas e helicópteros para insistirem em reintegrações de posses injustas, que, por certo, resultarão num novo massacre contra aquele povo sofrido e valente.

Por isso, conclamamos todos os democratas, defensores dos direitos humanos, apoiadores da luta pela terra para quem nela vive e trabalha, advogados do povo, órgãos de imprensa, intelectuais, estudantes, movimentos sociais a se solidarizarem com esse povo ameaçado e engrossar a repercussão das denúncias e as manifestações de apoio à luta pela terra.

Todo apoio à luta pela terra, para quem nela vive e trabalha!
Todo apoio à Liga dos Camponeses Pobres!
Lutar não é crime!

ILUSKA LOPES é jornalista, empresária, especialista em Turismo, sommelier, professora, locutora, atriz, colunista e diretora de redação do jornal Tribuna da Imprensa Livre. iluska@tribunadaimprensalivre.com


Tribuna recomenda!