Por Miranda Sá

“Às vezes os problemas são sinais de que chegou a hora de o guerreiro iniciar uma nova batalha” (Roberto Shinyashiki)

O historiador judaico-romano Flávio Josepho, que registrou in loco a destruição de Jerusalém, em 70 d.C., pelas tropas do imperador Vespasiano, traz no seu livro, “Antiguidades Judaicas” um depoimento sobre o judaísmo no século I.

Josefo menciona uma voz do santuário que era chamada pelos rabinos de bath kol, que literalmente é “filha da voz”, significando evocação ou eco, vozes celestiais ouvidas ao longo da história de Israel.

Bath kol é também um princípio mágico da Cabala Judaica e está presente no Novo Testamento, referindo-se às vozes do céu ouvidas por Paulo e Pedro (Atos 9: 4; cf. 22: 7 e 26:14; 10: 13,15).

A Teologia Esotérica expõe este mistério batizando-o em latim de ‘Filia vocis’, sinal que o indivíduo recebe inconscientemente dando-lhe uma orientação. Este sinal tem a ver com a que se discutia outro dia no Twitter sobre Semiótica e Comunicação; informando sobre algo, ou prevê alguma coisa.

Os sinais nos permitem conhecer, reconhecer ou prever fatos e presenças; são como signos, dando informações e avisando como se deve conduzir diante de um acontecimento. Ambos levam as pessoas a uma ação, o que fazer ou não fazer.

O verbete Sinal, dicionarizado, é um substantivo masculino de origem latina, (signālis, e) ‘que serve de signo, de sinal’. No cotidiano, é pôr em alarme, chamar a atenção.

Sinais transmitidos silenciosamente, acumulam histórias do dia-a-dia, contadas por parentes e amigos, ou através de gerações. Todos ouvimos falar do caso de alguém que teve um pressentimento e desistiu de uma viagem, sabendo depois que o veículo em que ia sofreu um desastre com mortos e feridos.

Demócrito de Abdera, filósofo e matemático da Grécia Antiga, foi discípulo e depois sucessor de Leucipo de Mileto. Sua fama chegou aos tempos modernos como criador da teoria atômica, o chamado ‘atomismo’.

De Demócrito conta-se uma história: Caminhando ele pelo campo, apreciou e se encantou com a maneira com que um jovem selecionava a lenha e fazia cuidadosamente o seu feixe; foi um sinal. O filósofo convidou-o para ser seu aluno. Era Protágoras, que se tornou um dos mais célebres sofistas gregos.

Qual de nós também não recebeu um aviso, um aceno, um toque, ou teve um pressentimento, para o bem ou para o mal? As predições são tão comuns como comentários de mesas de bar.

Os profissionais da política sabem muito bem disto, e pior, aprenderam a transmiti-los, com informações de interesse próprio. Os politiqueiros são como placas que indicam direções; apontam um lado para o eleitor, mas seguem pelo outro.

Nas últimas eleições tivemos exemplos disto. Conservadores e liberais se uniram para derrotar a quadrilha lulopetista e varrer definitivamente a corrupção e o crime organizado do País. Alguns eleitos nesta onda patriótica cedo trocaram de camisa, e outros sabotam a Lava Jato.

Assistimos no Congresso a atuação sórdida dos presidentes das duas Casas engavetando os projetos da Nova Previdência, o Pacote Anticrime e a CPI Lava Toga, para investigar ministros do STF suspeitos…

No STF, os ministros advogam em causa própria, blindando-se e ameaçando seus críticos. As medidas tomadas contra o ex-procurador Rodrigo Janot são claramente inconstitucionais e os conchavos de Dias Toffoli para soltar o presidiário Lula da Silva, condenado em três instâncias, é criminoso.

É pesaroso vermos defensores disto entre os achegados ao poder; alguns deles deletaram o slogan “O Brasil Acima de Tudo”. Assim, caminhando pelo desconhecido, o ladrar dos cães é sinal de perigo…