O que levou Rodrigo Janot Monteiro de Barros a confidenciar seus instintos selvagens contra o ministro Gilmar Mendes? Certamente, a intenção não era apenas promover o livro que lançará em breve. Será que Rodrigo Janot tinha o objetivo de facilitar a vida dos senadores que lutam pela abertura da CPI da Lava Toga?
Janot justificou suas revelações a um ódio que tomou de Gilmar por ter atacado sua filha: “Foi logo depois que eu apresentei a sessão de suspeição dele no caso do Eike. Aí ele inventou uma história que a minha filha advogava na parte penal para uma empresa da Lava Jato. Minha filha nunca advogou na área penal… e aí eu saí do sério”.
O fato é que Janot deu mole ao fazer evidente apologia ao crime, quando confidenciou ao Estadão, em entrevista gravada, que um dia foi armado de revólver ao STF, com a intenção de “justiçar” o ministro Gilmar Mendes: “Não ia ser ameaça não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele e depois me suicidar.”
Com isso o ministro Alexandre de Moraes não perdeu tempo, aproveitou o inquérito de março de 2019 para investigar e punir quem fez ameaças, ofensas e informações falsas (fake news) contra o STF e seus ministros, e mandou bala contra Janot – que está escrevendo um livro sobre sua gestão na PGR. Moraes abriu o Inquérito 4781 e determinou que a Polícia Federal fizesse busca e apreensão de armas, computadores, tablets e outros dispositivos eletrônicos, além de outros materiais relacionados.
Determinou a suspensão imediata de todos os portes de arma em nome do investigado, aplicou a Janot a medida cautelar de proibição de aproximar-se a menos 200 metros de qualquer um dos ministros do STF. Também fica proibido o acesso ao prédio (sede e anexos) da Corte Suprema. A decisão prejudica Janot, que se aposentou do cargo de Subprocurador-Geral da República para se tornar advogado na área de Compliance.
O fato é que a inclassificável declaração do ex-Procurador-Geral da República Rodrigo Janot, deixo como vítima, ileso e mais forte, o ministro Gilmar Mendes. Se Janot quis se vitimizar ou se tentou angariar marketing para si, fracassou totalmente. Agora só resta o livro…
RJ – outubro de 2019
Daniel Mazola é jornalista, editor do jornal Tribuna da Imprensa Livre, presidente da Comissão de Mobilização Intersindical e do Terceiro Setor da Associação Nacional e Internacional de Imprensa (ANI). Pós-graduado, especializado em jornalismo sindical. Apresentador do programa TRIBUNA NA TV. Ex-presidente da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Conselheiro efetivo da ABI (2004 a 2017). Foi Assessor de Imprensa da Federação Nacional dos Frentistas (Fenepospetro) e do Sinpospetro-RJ. Vice-presidente de Divulgação do G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (2010/13), editor do jornal Faferj (Federação das Associações de Favelas do Estado do RJ), editor do jornal do SINTUFF (Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal Fluminense-UFF), editor do jornal Folha do Centro (RJ), editor do jornal Ouvidor Datasul (gestão empresarial e tecnologia da informação), subeditor de política do jornal O POVO, repórter do jornal Brasil de Fato, radialista e produtor na Rádio Bandeirantes AM1360 (RJ)
