Redação

Os ex-presidentes Lula (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) se reuniram em um almoço na semana passada. O encontro vinha sendo articulado há cerca de um mês e foi promovido pelo ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim em sua casa, em São Paulo, e divulgado nesta sexta-feira.

A conversa durou três horas e girou em torno de temas como a defesa da democracia e a tragédia da Covid, alvo de uma CPI no Senado e que já deixou quase 450 mil mortos no país, em meio a várias denúncias contra o presidente Jair Bolsonaro, que tentará a reeleição no ano que vem.

BOLSONARO ATACA – Hoje pela manhã, Bolsonaro afirmou que as eleições de 2022 já tem uma chapa formada, com um “ladrão candidato a presidente e um vagabundo como vice”. Bolsonaro não especificou a quem se referia, mas a declaração ocorre um dia após Lula — a quem o presidente costuma chamar de “ladrão” — afirmar que “não hesitará” em ser candidato se tiver boa saúde e chances de ganhar. A fala também ocorreu cerca de 1h depois da divulgação do encontro entre Lula e FH.

Nos últimos dias, os dois ex-presidentes trocaram gentilezas em declarações, depois de anos de ataques mútuos. Em entrevistas ao GLOBO, na última semana, e ao programa “Conversa com Bial” exibido nesta terça, na Rede Globo, o tucano disse que se tivesse que optar entre Lula e Bolsonaro votaria no petista.

Lula, por sua vez, respondeu que teria o mesmo tipo de atitude com o seu antecessor.

ANULOU EM 2018 – Com o país em meio ao avanço da extrema direita e de intensa divisão diante das denúncias de corrupção em governos petistas, que levaram Lula à prisão, Fernando Henrique disse que anulou o voto no segundo turno entre Fernando Haddad (PT) e Bolsonaro.

Os dois não se encontravam desde que Fernando Henrique visitou a ex-primeira dama Marisa Letícia no hospital quando ela sofreu um AVC, em 2017. Marisa morreu em fevereiro daquele ano.

(Fonte: Folha de SP)

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Presidente do PSDB critica FHC por se reunir com Lula e oferecer apoio contra Bolsonaro

O presidente do PSDB, Bruno Araújo, criticou o encontro entre os ex-presidentes da República Fernando Henrique Cardoso e Lula ocorrido na semana passada, em São Paulo, e disse que é preciso evitar passar sinais trocados aos eleitores do partido. A avaliação de Araújo é de que a reunião entre os dois líderes políticos não faz bem a um potencial candidato do PSDB em 2022.

Outros tucanos, como o deputado Aécio Neves e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, reforçaram que o partido deve continuar a busca por um candidato.

SINAIS TROCADOS -“Esse encontro ajuda a derrotar Bolsonaro, mas não faz bem a um potencial candidato do PSDB. Nossa característica é saber dialogar, inclusive com adversários políticos. De toda forma, precisamos evitar sinais trocados aos nossos eleitores. O partido segue firme na construção de uma candidatura distante dos extremos que se estabeleceram na democracia brasileira”. diz o presidente do PSDB, em nota.

O dirigente tucano ainda lembrou as críticas que os petistas faziam ao governo Fernando Henrique e sugeriu que Lula foi ao encontro motivado por interesses eleitorais:

“Depois de o petismo rotular o seu governo de ‘herança maldita’, parece mais que estão em busca de votos do que um reconhecimento da gestão de FHC”, completou.

FHC RECUA – Em resposta a um descontentamento da cúpula do PSDB, Fernando Henrique se pronunciou no Twitter:  “Reafirmo, para evitar más interpretações: PSDB deve lançar candidato e o apoiarei; se não o levarmos ao segundo turno, neste caso não apoiarei o atual mandante, mas quem a ele se oponha, mesmo o Lula – disse FH.

Outros tucanos comentaram o encontro entre Lula e FH. Possível candidato à Presidência em 2022, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, achou despropositada a reunião, pois Fernando Henrique é presidente de honra do PSDB.

Em entrevistas, FHC já havia citado a possibilidade de apoiar Lula num eventual segundo turno contra o presidente Jair Bolsonaro. FHC também vinha mostrando pouco entusiasmo pelos dois principais nomes que almejam o posto de candidato a Presidência da República em 2022: os governadores João Doria, de São Paulo, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul.

(Fonte: O Globo)