Por Cacau de Brito –

Em quase 5 anos, 100 crianças foram baleadas na região metropolitana do Rio de Janeiro. 76% de bala perdida. O mapeamento feito pelo “Fogo Cruzado” mostra que 39 crianças foram baleadas durante operação policial. O local onde mais teve criança sendo vítima de bala perdida foi em Bangu, com cinco casos. Depois no bairro de Campo Grande e no Complexo do Alemão. Ao todo foram 64% crianças baleadas em favelas.

Com as operações nas favelas, ao todo já tivemos 186 pessoas foram baleadas em fevereiro: destas, 89 morreram e 97 ficaram feridas.

Isso nos alerta na questão da desigualdade social e no enfretamento ao combate do crime. Os polícias precisam ter melhor preparo, e o estado precisa dar proteção aos moradores de comunidade. É necessário ter preservação das vidas para não ter mais inocentes morrendo.

Os cariocas viveram momentos de terror, principalmente os moradores do Jacarezinho. Em confronto entre traficantes e polícias, na última quinta-feira (6/5) mais de 25 pessoas foram mortas na comunidade, uma matança sem justificativa, uma vez que o Estado não tem usado a inteligência para combater a violência no Rio de Janeiro.

O Estado não tem usado dos meios republicanos para resolver essa questão, não estamos aqui para defender a bandidagem, porém o governo não pode continuar usando da força policial para resolver uma questão social tão gritante na nossa cidade, uma operação dessa magnitude deverá ser acompanhada pelo Ministério Público, que precisa agir com mais intensidade contra essa violência.

Esse tipo de operação não é salutar nem para a polícia e nem para comunidade, é preciso rever essa política de segurança no Rio.

O povo quer viver em paz e com segurança

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CACAU DE BRITO é advogado e escritor, reconhecido por sua atuação em defesa dos direitos fundamentais e militância na área dos Direitos Humanos. Foi diretor e coordenador-geral do Procon-RJ, assessor na Secretaria Municipal de Trabalho e Renda – SMTE, no Rio de Janeiro e chefe de gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro – ALERJ, em duas legislaturas. Fundador da Associação dos Advogados Evangélicos do Rio de Janeiro. Colaborador do Projeto Cristolândia, um programa permanente de prevenção, recuperação e assistência a dependentes químicos e codependentes, dirigido pela Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira. Fundador e coordenador do Movimento O Rio pede paz e do Fórum da Cidadania do Rio de Janeiro. É colunista e membro do Conselho Consultivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre.