Redação –
O presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado, dia 31, que um de seus potenciais adversários na corrida eleitoral em 2022, o atual governador de São Paulo, João Doria (PSDB), não representa uma ameaça. “Doria está morto”, disse. Segundo o presidente, o governador tem “enchido o saco” e, por isso, ele tem respondido à altura. Bolsonaro afirmou ainda que Doria era “peixe” do PT e que começou a dizer que sua “bandeira não era vermelha” somente após a eleição de Dilma Rousseff, em 2010. O presidente participou de um churrasco no quartel-general do Exército, em Brasília. Pouco depois de entrar, o presidente mandou os seguranças convidarem um grupo de jornalistas e motoristas de veículos de comunicação que o esperavam na porta para participar do evento. Ele conversou por cerca de uma hora e meia com os jornalistas. A conversa não pôde ser gravada e todos foram orientados a deixar os celulares do lado de fora.
A troca de farpas entre Doria e Bolsonaro se intensificou nos últimos dias, após o BNDES divulgar uma lista de pessoas que se beneficiaram de taxas de juros mais baixas para empréstimos para comprar jatinhos. A linha de crédito foi lançada em 2009. Doria, que na época era empresário, está na lista dos que recorreram ao banco de fomento. Nesta quinta-feira, dia 29, em sua live semanal no Facebook, Bolsonaro afirmou que Doria “estava mamando” em governos do PT, referindo-se à compra de aviões com financiamento do BNDES. A declaração foi rebatida pelo governador, que, em evento em Berlim, nesta sexta-feira, 30, negou ter qualquer relação com os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma.
“PERDÃO”
Na tarde desta sábado ainda, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), rebateu a fala do presidente Jair Bolsonaro sobre sua candidatura para a próxima eleição presidencial de 2022 não ser uma ameaça. Doria disse que reconhece as pressões sofridas por Bolsonaro e que o presidente tem seu “perdão e bom sentimento.” “Não é hora de eleição, é hora de gestão. Nós temos que governar, não temos que polemizar. Eu reconheço as agruras, as dificuldades e a pressão que ele sofre. Então da minha parte ele tem o perdão e o bom sentimento”, afirmou o tucano.
João Doria ressaltou que não leva a mal as fala do presidente e que não incorpora “certas expressões” de Bolsonaro. “Da minha parte, ele não vai ter um antagonismo, muito menos um antagonista”, disse o governador. O tucano ainda pontuou que “a melhor opção para o presidente Jair Bolsonaro é cuidar do país, reduzir a miséria e a pobreza” e lembrou que o Brasil ainda possui 13 milhões de desempregados. O governador de São Paulo negou que haja um ruptura no plano político ou institucional com Bolsonaro e que continuará apoiando as medidas do governo federal que julga positivas.
ORÇAMENTO
O presidente demonstrou preocupação com os efeitos que a situação das contas públicas sobre suas chances de reeleição. Segundo Bolsonaro, o arrocho orçamentário pode “comprometer 2022″. Ele disse, no entanto, não estar preocupado com isso. “Não pode ficar obcecado. É igual quando o rapaz está atrás da menina, se ficar obcecado ela não dá bola, é só esnobar que ela vem atrás.” O governo anunciou nesta sexta-feira uma proposta de Orçamento para 2020 com apenas R$ 89,161 bilhões destinados às chamadas despesas discricionárias, que incluem investimentos e os gastos para manter a máquina pública em funcionamento.
É o menor valor dos últimos dez anos. Os investimentos foram estimados em apenas R$ 19,36 bilhões, queda de quase 30% em relação à proposta de 2019. Além do quadro de dificuldades para 2020, a proposta orçamentária ainda prevê uma sucessão de déficits até 2022, um indicativo de que o governo seguirá gastando mais do que arrecada e elevando sua dívida pública. A equipe econômica já alertou que os valores são insuficientes para garantir o pleno funcionamento do governo no ano que vem e que buscará medidas para conter o avanço das outras despesas e, assim, abrir espaço no Orçamento. O teto de gastos limita o avanço das despesas à inflação do ano anterior, mas nem todas estão sob o controle do governo. Benefícios previdenciários e salários têm crescido num ritmo acima da inflação, o que obriga a área econômica a cortar de outras áreas para fazer caber tudo no teto.
O almoço foi uma confraternização com funcionários de gabinetes do Bolsonaro. Foram servidos churrasco, arroz, vinagrete, farofa e chope. Bolsonaro disse ter tomado “apenas um golinho”, já que teria cota de uma lata de cerveja por mês. “A Michelle não deixa mais.” (fonte: Estadão, por Lorenna Rodrigues)
MAZOLA
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