Redação –
Ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) tem negociado a saída do DEM. Ele já conversou com o Cidadania, embora sem convite formal, e iniciou tratativas com o PSL, segundo maior partido da Casa.
Maia planeja levar consigo, caso migre mesmo de legenda, cerca de 40 políticos, a grande maioria filiada ao DEM, seu atual partido. Na lista estão governadores, prefeitos, deputados federais e deputados estaduais com os quais cultivou relação próxima em seus quase cinco anos como presidente da Câmara.
PROTAGONISMO EM 2022 – Maia tem dito a aliados que o PSL tem estrutura para ser protagonista na eleição de 2022 e que gostaria de articular uma candidatura para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro. Dirigentes do PSL, por sua vez, veem com bons olhos a ida de Maia para a legenda e o possível projeto presidencial. Mas avaliam que o deputado precisaria adotar uma postura menos agressiva do que a que manteve como presidente da Câmara, quando, em muitas ocasiões, protaginizou rusgas com Bolsonaro.
Aliados de Maia filiados ao DEM, por sua vez, ressaltam que seria “delicado” migrar para uma legenda recheada de deputados bolsonaristas. A cúpula do PSL sabe que a ida de Maia para o partido desagradaria à ala bolsonarista, mas a avaliação é que, de qualquer forma, boa parte desse grupo deverá deixar a legenda na janela de transferências, migrando para o partido que Bolsonaro indicar. Uma conversa entre Maia e integrantes da ala bivarista do PSL está marcada para a semana que vem.
PERFIL LIBERAL – O PSL, que já abrigou o presidente da República, tenta moldar sua imagem como uma legenda liberal, mas de centro. Longe da direita radical; longe da esquerda mais aguda. O PSL quer pontuar a diferença com Bolsonaro, principalmente em pautas mais radicais ligadas a costumes, mas evitar a pecha de um partido de oposição a Bolsonaro.
Outro ponto a ser alinhado no “namoro” Maia-PSL é o candidato à presidência. A amigos, Maia tem citado Luciano Huck como um nome competitivo, mas as ideias políticas do apresentador de televisão ainda são desconhecidas da maioria dos dirigentes e deputados do PSL.
RELAÇÃO ESTREMECIDA – A boa relação que Maia sempre manteve com ACM Neto, presidente nacional do DEM, sofreu um forte abalo nos últimos dias após o dirigente não tomar uma medida mais enérgica para que a legenda apoiasse Baleia Rossi (MDB-SP), cuja candidatura à presidência da Câmara foi costurada por Maia.
A aliados, o ex-presidente da Casa tem dito que ficou sem clima no partido após dois terços da bancada embarcarem na candidatura de Arthur Lira (PP-AL), que recebeu o apoio do presidente Jair Bolsonaro e saiu vitorioso da disputa. Políticos do DEM que integram o núcleo de Maia têm aconselhado o ex-presidente da Câmara a não tomar nenhuma decisão no calor do momento.
O Globo havia, sem sucesso, procurado Maia antes da publicação da reportagem. Após a publicação, o ex-presidente da Câmara enviou uma frase curta por mensagem de texto: “Não conversei com eles (PSL)”. A reportagem mantém as informações publicadas.
Fonte: O Globo
MAZOLA
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