Por Alcyr Cavalcanti –
Controla 150 mil moradores de 5 favelas do Rio e tem expulsado adeptos do Candomblé e da Umbanda.
O Rio de Janeiro tem sido um campo fértil para a criminalidade, tanto organizada, quanto desorganizada. Aparece nas páginas policiais uma nova facção criminosa para infernizar os moradores e causar mais sangue na disputa com as outras redes, Comando Vermelho, Amigos dos Amigos e Terceiro Comando. A mais nova rede criminal se chama “Povo de Israel”, que teve seus primórdios em 2004 e crescimento na Pandemia do Covid-19, agora vai expandindo seus tentáculos e se autodenomina “Complexo de Israel” com o controle de cinco favelas: Parada de Lucas, Vigário Geral, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau. É chefiada por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão de 34 anos que exerce seu controle com mão de ferro. A prática de execuções tem sido uma constante, assim como o toque de recolher e a invasão de casas para impor suas ordens. Para demarcar seu domínio símbolos são colocados como a bandeira de Israel e a estrela de David. Peixão é também conhecido como “Arão” personagem bíblico e seu bando é conhecido como “Tropa do Arão”
O “Povo de Israel” começou a sua expansão quando narcotraficantes de Parada de Lucas sob controle de Furica do Terceiro Comando, invadiram Vigário Geral em 2007 que era dominada pelo Comando Vermelho. As duas favelas eram separadas pela chamada Faixa de Gaza, um CIEP, e havia uma trégua combinada por Flávio Negão do CV e Robertinho de Lucas do TC, desde a chacina que vitimou 21 evangélicos na Casa da Paz em Vigário Geral em agosto de 1993.
Em relatório apresentado à Secretaria Nacional de Segurança Pública SENASP em abril de 2006, após minuciosa pesquisa Antônio Cesar Pimentel Caldeira verificou que dentro dos presídios seu crescimento foi acelerado pelo aliciamento de presos “renegados” pelas outras redes criminais, como estupradores, pedófilos, ex-policiais, ex-bombeiros e também por bandidos oriundos de outras facções. Ficaram reunidos no Presídio Hélio Gomes do Complexo Frei Caneca, quando o promotor Astério Pereira dos Santos Secretário de Administração Penitenciária-SEAP tentou acabar com a divisão por facções, para ele o principal motivo pelas rebeliões e matanças, e criar um “presídio neutro” ou para os detentos o “seguro do seguro”, onde vários policiais que estavam em liberdade condicional e voltaram a praticar crimes poderiam ser massacrados em outros presídios. No entanto essas diferentes origens, os diversos modus operandi acabaram levando a uma crise interna que foi agravada pela escassez de vagas no sistema prisional, e a transferência de presos. Foram transferidos 950 presos do Terceiro Comando que acabou se tornando um presídio do Terceiro que estourou com uma rebelião em 11/07/2004 que durou 14 horas com saldo de um morto vários feridos inclusive reféns. A ocupação do prédio da Manchete que estava abandonado por narcotraficantes e a proximidade com o Morro do Zinco, do Complexo de São Carlos foi o ponto final do experimento no Hélio Gomes.
O ‘Povo de Israel” ficou no início especializado no “Disque Sequestro” ou seja ligações de falsos sequestros para extorquir dinheiro. Atualmente para impor suas ordens Peixão ordenou a destruição de terreiros de Candomblé e de religiões de origem africana, a destruição de imagens e mesmo a expulsão dos responsáveis pelos cultos. Na destruição de um terreiro de Candomblé em Nova Iguaçu foi deixada a mensagem “Jesus é dono do lugar”. O presidente da Comissão de Intolerância Religiosa Ivanyr dos Santos exige providências imediatas por parte das autoridades para coibir esses atentados à livre manifestação religiosa e afirmou ” Situações como essa são inadmissíveis em uma sociedade organizada em pleno século XXI é um flagrante atentado ao artigos XVIII da Declaração Universal dos Direitos Humanos que diz “Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião”.
ALCYR CAVALCANTI – Fotógrafo, jornalista, professor universitário, ex-presidente da ARFOC, ex-secretário da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como as Organizações Globo, Última Hora e o jornal O Dia.
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