Por Iluska Lopes

Em 2016 Justiça determinou que a Eletronuclear e o Poder Público realizassem o saneamento das Aldeias de Paraty e Angra, nunca fizeram.

Não foi por falta de aviso! Em artigo de dezembro de 2019 publicado no Diário do Rio, o ecologista Sérgio Ricardo já alertava para a elevada situação de vulnerabilidade dos povos indígenas pela ausência de saneamento básico e de infraestrutura de reservação de água potável nas 8 aldeias indígenas fluminenses…!

A pandemia COVID-19 só ampliou a escala de risco desta crise ambiental e sanitária presente há décadas nas aldeias do estado do Rio de Janeiro onde há anos os órgãos públicos (SESAI do Ministério da Saúde e Prefeituras) já vinham constatando muitos casos de doenças de veiculação hídrica como diarreias entre crianças e idosos!

O Cacique Domingos é mais uma vítima do descaso dos governos”, afirma o ecologista Sérgio Ricardo Verde Potiguara que é representante da organização GRUMIN no Conselho Estadual dos Direitos Indígenas (CEDIND-RJ).

Sérgio Potiguara lembra que: “Desde 5 de Julho de 2016, portanto há 4 anos atrás, o Ministério Público Federal Federal do Rio de Janeiro, através do Procurador da República Felipe Borgado, obteve uma decisão liminar da Justiça Federal de Angra dos Reis (Juiz Federal Raffaele Pirro) que obrigava a União Federal à fornecer imediatamente água potável às populações indígenas das aldeias de Angra dos Reis e de Paraty, bem como fornecer condições adequadas de saneamento básico, como a implantação de esgotamento sanitário, de forma a garantir o Direito fundamental à saúde. À época uma perícia técnica do MPF-RJ contatou que as populações das aldeias de Sapukai (do cacique Domingos), Araponga, Rio Pequeno e Parati-mirim sofriam no seu cotidiano com o abastecimento insatisfatório de água potável e não apresentavam condições mínimas de saneamento básico. Também um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) foi firmado há mais de uma década entre o MPF, a concessionária ELETRONUCLEAR e as prefeituras em que a empresa de energia se comprometia à financiar um projeto barato de saneamento ecológico das aldeias destes municípios. Nenhuma destas medidas – que eram à época já consideradas “emergenciais” por todas as autoridades públicas e pelas comunidades -, infelizmente saíram do papel! Com a pandemia COVID-19 este grave quadro de déficit sanitário nas aldeias se agravou.”, afirma o ecologista é Gestor Ambiental.

O Movimento Baía Viva lamenta o falecimento do cacique da aldeia Sapukai, Domingos Benites

Segundo a Prefeitura de Angra dos Reis, o cacique Domingos Benites faleceu no início desta madrugada, 21 de julho. O líder guarani tinha 68 anos e estava internado no centro de Referência para Tratamento da covid-19, desde o dia 26 de junho.

O ecologista Sérgio Ricardo Verde Potiguara, membro do Conselho Estadual dos Direitos Indígenas (CEDIND-RJ) alertou há três semanas que o cacique Domingos e o vice cacique Aldo estavam internados por covid-19 – em artigo publicado na Tribuna da Imprensa Livre, no Diário do Rio e em outros órgãos de Imprensa – e que de forma cruel e desumana o governo federal (SESAI – Ministério da Saúde) havia disponibilizado apenas 10 testes de covid -19 nas aldeias indígenas fluminenses.

Em artigo de dezembro de 2019, o ecologista já alertava para a elevada situação de vulnerabilidade dos povos indígenas, causada pela ausência de saneamento básico e de infraestrutura de reservação de água potável nas oito aldeias indígenas fluminenses. Infelizmente, subiu de 49 para 171 o número de indígenas infectados por covid-19 nas seis aldeias situadas em Angra e Paraty, das etnias Guarani (5) e Pataxó (1).

A pandemia covid-19 só ampliou a escala de risco desta crise ambiental e sanitária presente há décadas nas aldeias do estado do Rio de Janeiro, onde há anos os órgãos públicos (SESAI do Ministério da Saúde e Prefeituras) já vinham constatando muitos casos de doenças de veiculação hídrica como diarréias entre crianças e idosos!

“O Cacique Domingos é mais uma vítima do descaso dos governos.”, afirma Sérgio Ricardo.

O cacique Domingos Benites foi um grande defensor de seu povo de forma sempre comunitária, íntegra e justa. Guardião de sua Aldeia e de sua cultura. Foram vinte e oito dias de luta corajosa pela vida. Nossos sentimentos ao povo Guarani.

O que saiu na mídia:
– Tribuna da Imprensa Livre; clique aqui
– BandNews FM Rio; clique aqui
– Diário do Rio, clique

#movimentobaiaviva #vidasindigenasimportam


ILUSKA LOPES – Jornalista, locutora, colunista e diretora de redação do jornal Tribuna da Imprensa Livre.