Redação

Apontado como um dos responsáveis pelas páginas derrubadas pelo Facebook, o assessor especial da Presidência da República Tercio Arnaud Tomaz tem uma ligação próxima com o presidente Jair Bolsonaro. De recepcionista em um hotel do Rio de Janeiro, Tercio virou — ainda durante a campanha presidencial — um dos principais assessores de Bolsonaro.

Era ele o responsável por “cuidar” da imagem do candidato, fazer vídeos, transmitir as lives e também de elaborar e disparar “cards” e “memes” que viralizavam entre apoiadores. O “sucesso” da campanha foi levado para dentro do Palácio do Planalto. Tercio e mais dois assessores — José Matheus Salles Gomes e Mateus Matos Diniz — foram instalados no terceiro andar presidencial, numa sala ao lado de Bolsonaro.

GABINETE DO ÓDIO – Com visão radical, o trio logo ganhou fama de gabinete do ódio e foi apontado por interlocutores do próprio governo como responsáveis por disseminar mensagens agressivas contra integrantes de outros Poderes.

Tercio, José Matheus e Mateus se revezam para acompanhar Bolsonaro no dia a dia. São eles que ajudam nas transmissões dos vídeos que são gravados nas entradas e saídas do Palácio da Alvorada e também nas lives de quinta-feira.

Antenados nas redes sociais, eles também dão ao presidente “um termômetro” de como os seguidores recebem determinados assuntos. Recentemente, com o novo posicionamento do governo de pacificar as relações com os Poderes, o grupo radical vem perdendo voz junto a Bolsonaro, mas ainda permanece no terceiro andar.

IMÓVEL FUNCIONAL – Em 2019, quatro dias depois de Bolsonaro tomar posse, Tercio foi nomeado para o gabinete pessoal da Presidência em um cargo comissionado DAS 102.5, que hoje tem remuneração de R$ 13.623,39. Ainda nos primeiros dias de governo, o assessor ganhou a autorização para ocupar um imóvel funcional em Brasília. Desde que assumiu o cargo, o assessor já acompanhou o presidente em 15 viagens pelo Brasil.

Em março de 2019, foi a vez da mulher dele, Bianca Diniz Arnaud, ganhar um cargo no governo. Bianca passou a integrar a Coordenação de Saúde do Planalto, uma espécie de complexo médico da Presidência, com nível DAS 101.2, de remuneração R$ 3,4 mil. Em 17 de junho do ano passado, mudou de cargo e foi nomeada assistente na Divisão de Serviços Integrados em Saúde da Coordenação de Saúde do Planalto, com DAS 102.2, e salário de R$ 3,7 mil.

BOLSONARO OPRESSOR 2.0 – De Campina Grande (PB), Tercio começou a chamar a atenção da família Bolsonaro antes mesmo da campanha presidencial de 2018. Ele comandava a página Bolsonaro Opressor 2.0 e, em dezembro 2017, passou a ocupar um cargo comissionado no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro, no Rio de Janeiro.

Na época, uma reportagem do O Globo revelou que Tercio recebia salário da Câmara sem trabalhar de fato no legislativo da cidade. Durante a pré-campanha de Bolsonaro à Presidência, ele era um dos principais responsáveis pela produção de conteúdo digital, filmando e fotografando Bolsonaro em momentos de descontração e em intervalos de sua agenda como pré-candidato. O chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro, Jorge Luiz Fernandes, negou ao O Globo que Tercio trabalhava na campanha.

Logo após a vitória de Bolsonaro, Tercio passou a se apresentar como assessor de comunicação do presidente eleito, recebia demandas da imprensa, divulgava agendas e compartilhava áudios e imagens oficiais, mesmo enquanto estava lotado no gabinete de Carlos.


Fonte: O Globo