Por Luiz Carlos Prestes Filho –
O guitarrista, violonista, arranjador, diretor musical e produtor da cantora Alcione, com viagens pelo Brasil e pelo mundo, Jorge Cardoso, é compositor das seguintes obras: “Olhos Vermelhos” (Negritude Jr); “Armadilha” (Exaltasamba); “Telefona” (Araketu); “Out door” e “É bom demais” (Só pra Contrariar); e “Tô dentro, Tô fora” (Os Morenos / Exaltasamba). Para ele a situação na área da cultura no Brasil pode piorar: “Os gestores públicos e empresariais estão distantes da nossa identidade cultural”.
Faz quatro meses que, obedecendo a ordem das autoridades, Jorge está isolado em casa, saindo somente em casos de extrema necessidade. Mas não abandonou as atividades de produção musical: “Com Padre Omar Raposo, Reitor do Cristo Redentor, estou realizando lives no santuário ecológico da Floresta da Tijuca. Já participaram artistas como o Toni Garrido e a Preta Gil. No dia 01/07 teremos a nossa marrom, a minha querida amiga Alcione. Estamos preparando, para dia 13/07, uma live com a Ordem dos Músicos do Brasil (OMB). Estarão conosco o Xande de Pilares, Agnaldo Timóteo, Elymar Santos, Elba Ramalho, Neguinho da Beija Flor, Anderson do Grupo Molejo e Grupo Raça, entre outros”.
No carnaval de 2021, que reza para acontecer, Jorge Cardoso estará no comando da direção musical do Grêmio Recreativo Escola de Samba Viradouro: “O enredo da escola está focado na crise de saúde que vivemos. Vamos levar para o Sambódromo o sentimento de libertação que a população do Rio de Janeiro teve em 1919. Quando, após Gripe Espanhola, que devastou a cidade, a população lançou seu grito de alegria. Fez do luto uma festa”.
Ele reconhece que é muito difícil a situação do carnaval do Rio de Janeiro: “O nosso prefeito municipal, Marcelo Crivella, durante a campanha, até cantou samba e prometeu mundo e fundos. Depois, virou as costas. Ele, como boa parte de investidores públicos e privados, não conseguem entender que o trabalho social nas quadras é ao longo de todo o ano. Estamos onde o poder público e empresarial não chega. Com profissionalismo e responsabilidade. Sempre participei do carnaval carioca, escrevendo os arranjos dos CDs; realizando a supervisão do áudio dos desfiles na Sapucaí; e fazendo a direção musical de algumas escolas. Hoje, com o desenvolvimento científico e tecnológico, precisamos de uma infraestrutura diferenciada. O amadorismo acabou. Amadorismo hoje somente na gestão da Prefeitura do Rio de Janeiro”.
Seu irmão, que mora em Manaus, foi infectado. O amigo Carlinhos de Jesus, sua esposa Rachel e o Serginho, diretor de bateria da Viradouro, contraíram a Covid 19: “Isso trouxe muita preocupação. Hoje sei que eles estão curados. Mas, o susto foi grande. Sem a vacina vai ficar muito difícil. Eu sonho com a retomada, porque eu acredito no bem, eu acredito que nós voltaremos ao normal. Mas tenho noção que tudo será gradual. Os bailes, shows, restaurantes e as casas noturnas vão ser as últimas atividades a voltar”.
LUIZ CARLOS PRESTES FILHO – Cineasta, formado na antiga União Soviética. Especialista em Economia da Cultura e Desenvolvimento Econômico Local, colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Coordenou estudos sobre a contribuição da Cultura para o PIB do Estado do Rio de Janeiro (2002) e sobre as cadeias produtivas da Economia da Música (2005) e do Carnaval (2009). É autor do livro “O Maior Espetáculo da Terra – 30 anos do Sambódromo” (2015).
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