Redação –
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, deu início nesta terça-feira, dia 23, a um processo disciplinar contra o ex-advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef. A medida atende a um pedido do Ministério Público de Contas, com sede em Brasília, que disse ter observado ‘clara conduta de obstrução à justiça’ no episódio envolvendo o ex-assessor parlamentar do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Fabrício Queiroz.
Defensor do senador Flávio Bolsonaro até este domingo, Frederick Wassef alegou ‘questão humanitária’ para ter abrigado Queiroz em um imóvel seu em Atibaia, no interior de São Paulo. Queiroz e Flávio são investigados sob suspeita de manterem um esquema de ‘rachadinha’ – divisão do salário dos funcionários de gabinete – na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
RACHADINHA – Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, o ex-assessor comandava a arrecadação irregular e repassava parte dos recursos ao filho do presidente Jair Bolsonaro. Wassef se afastou do caso após a repercussão negativa da descoberta de que abrigava Queiroz em seu imóvel.
Em ofício encaminhado ao gabinete de Lucas Rocha Furtado, subprocurador-geral do MP de Contas, o presidente nacional da OAB disse que recebeu a solicitação para que o Conselho Federal da OAB adote as medidas consideradas pertinentes no tocante ‘à instauração de processo disciplinar contra o advogado nele nomeado’, no caso, Frederick Wassef.
O Estadão teve acesso ao ofício assinado por Santa Cruz. Nele, o presidente da OAB informa que o respectivo protocolo seria encaminhado, já nesta terça-feira, ao Conselho Seccional de OAB/São Paulo, ‘para adoção das providências que entender cabíveis’.
NEGATIVAS – O Estadão tenta contato com Wassef, que ainda não respondeu aos contatos da reportagem. Em entrevista ao telejornal SBT Brasil, o advogado afirmou não ter escondido o ex-assessor de seu então cliente. “O que eu tenho para dizer é o seguinte: jamais escondi Fabrício Queiroz. Ele estar lá não é nenhum crime, nenhum ilícito, não é obstrução de justiça, não há nenhuma irregularidade”, afirmou.
Questionado se foi uma questão humanitária, uma vez que o ex-assessor passou por tratamento contra um câncer no ano passado, o advogado confirmou. “Também foi uma questão humanitária. Porque uma pessoa que está abandonada, uma pessoa sem recursos financeiros, uma pessoa com problemas de saúde e que o local era perto.”
Queiroz foi preso sob suspeita de, entre outros motivos, tentar interferir nas investigações. A localização do ex-assessor na casa do advogado do parlamentar levantou suspeitas de autoridades sobre uma possível tentativa de obstrução de Justiça.
Fonte: Estadão
MAZOLA
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