Redação

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta segunda-feira, dia  1º, que Jair Bolsonaro não chegou ao poder por meio de um processo “amplamente democrático” e que, agora, pessoas que o ajudaram a se tornar presidente querem tirá-lo porque perceberam que “o troglodita que eles elegeram não deu certo”.

As declarações foram feitas durante uma reunião do PT transmitida ao vivo pela internet. Ao tomar a palavra na reunião, Lula se disse reticente sobre o apoio do PT a manifestos suprapartidários que surgiram nos últimos dias e unem figuras de diferentes correntes ideológicas contra o presidente Jair Bolsonaro.

RESISTÊNCIA – Ele justificou sua resistência ao fato de tais manifestos não mencionarem direitos perdidos pelos trabalhadores recentemente. “Obviamente que o PT tem que respeitar e admirar as pessoas que estão lutando agora para tirar o Bolsonaro. Mas não dá para a gente aceitar a ideia de que as eleições de 2018, embora o PT tenha acatado o resultado e ter entrado com processo na Justiça, tenham sido amplamente democráticas. Vamos relembrar o que aconteceu no processo eleitoral para a gente saber que ela foi semidemocrática”, disse Lula.

Segundo o ex-presidente, o fato de ele ter sido impedido de concorrer à Presidência, mesmo subjúdice, foi uma das ações que prejudicaram a lisura das eleições de 2018. “Foram utilizados todos os mecanismos podres, que agora alguns estão criticando, para tentar enxovalhar o PT e os petistas durante todo o processo de campanha”, afirmou.

DEPOSIÇÃO DE DILMA – “Não dá para aceitar a ideia de que o Bolsonaro é resultado de um processo amplamente democrático. Ele é resultado de um processo que foi pensado a partir da deposição da presidenta Dilma Rousseff, ilegamente, sem cometer crime”, completou. Lula então explicou a relação entre as eleições de 2018 e os manifestos anti-Bolsonaro.

“Li os manifestos e acho que têm pouca coisa de interesse da classe trabalhadora. Não se fala em classe trabalhadora, nos direitos perdidos. As pessoas acabaram de cometer um ato ilícito (impeachment de Dilma) e perceberam que o troglodita que eles elegeram não deu certo. Eles agora querem tentar tirar o troglodita. Para quê? Nós queremos tirar o Bolsonaro porque nós achamos que o Bolsonaro não cuida da pandemia, porque o Bolsonaro não cuida da economia, da política externa, porque o Bolsonaro não gosta de negro, de mulher, de índio, de defender o meio ambiente e o Bolsonaro não gosta do povo trabalhador. Porque tudo que ele fez até agora foi para destruir aquilo que foi construído com muito esforço (nos governos petistas)”, disse.

AVALIAÇÃO – Lula ainda emendou: “Não estou com raiva. Apenas não posso aceitar rapidamente aquilo que as pessoas que ajudaram a destruir o país estão querendo fazer”. O ex-presidente então aconselhou as lideranças do PT a avaliar os grupos que estão coordenando movimentos anti-Bolsonaro e buscarem um diálogo que permita ao partido tomar a decisão se apoiará ou não tais manifestações.

Horas depois da reunião, Lula voltou a se manifestar pelo Twitter. “Volto a dizer: não dá pra aceitar a ideia de que o Bolsonaro é resultado de um processo amplamente democrático. Ele é resultado de um processo que se deu desde a cassação de uma presidenta sem crime. Agora perceberam que o troglodita que eles elegeram não deu certo. Estou dizendo pra gente não pegar o primeiro ônibus que tá passando. Estão querendo reeducar o Bolsonaro, mas não querem reeducar o Guedes. Tem pouca coisa de interesse da classe trabalhadora nesses manifestos. O editorial do Globo é uma proposta de acordo pra manter o Bolsonaro. E o PT sabe por que quer tirar o Bolsonaro. A gente quer tirar o Bolsonaro pra defender a vida. Porque ele não gosta de mulher, não gosta de preto, não gosta de índio, não gosta do povo trabalhador. É por isso que estamos dizendo Fora Bolsonaro”, disse.


Fonte: Correio Braziliense