Por Ernesto Caruso
A história é um oceano de exemplos. Oh! Humanidade que se autodenomina r-a-c-i-o-n-a-l!
Ascender é verbo de importância no reino animal. A imperfeição dos viventes é a perfeição do divino. Vida, sobrevivência, doença e morte estão presentes na construção de tudo pela potestade maior.
No irracional, a força é o meio para liderar o grupo, cujos integrantes sentem a necessidade de união para se defender, atacar, matar, se alimentar e sobreviver. E a subordinação ao mais apto se faz presente a cada momento em que o mais forte deixa de sê-lo. É a regra do mundo selvagem.
No seio da humanidade foi assim e, é no mundo do crime. Os chefes das quadrilhas são instáveis diante das disputas internas, nos confrontos com a polícia e com quadrilhas concorrentes.
Mundo do crime que tantas vezes se entranha na política; vide casos como mensalão, petrolão, bilhões de reais, que são tão violentos contra a sociedade pelo sacrifício de muitos, privados do mínimo de subsistência, como de poucos que perderam a vida no episódio Celso Daniel, igualmente deplorável.
“A solução está na política” é chavão na boca de políticos famosos. Quem sabe, se pudesse dizer “A solução está na virtuosa política”, como resultante do trabalho de gente do mesmo padrão com atributos outros que vão além do ser honesto na administração dos recursos públicos, não desviando partes para os bolsos próprios e da quadrilha.
A falta de princípios rege as mentes doentias em torno do poder, cujo objetivo maior é a posse da chave do cofre e se locupletarem. Aos vorazes partidários parte do butim e para os auxiliares, recompensas, no mínimo cargos de assessores, aberração que não extingue.
Desde o primeiro dia da posse do novo governo, eleito democraticamente, a sociedade assiste o elevado empenho dos partidos e grupos afins que perderam o controle das verbas públicas, ou que delas se aproveitavam, lançando pelo teclado farpas das mais venenosas, percebidas pelo grande público não mais submisso aos poderosos e pretensiosos “formadores de opinião”.
Como notícia do portal da Câmara dos Deputados no dia 20/03/2020, lê-se que “Sete pedidos de impeachment foram protocolados na Câmara dos Deputados nesta semana, por causa do comportamento do presidente Jair Bolsonaro em relação à manifestação do dia 15 e à pandemia de Covid-19. O presidente é acusado de crime de responsabilidade por incentivar a participação em protestos e por minimizar o risco do coronavírus para a população…”.
Os pedidos são de deputados, do PSOL, do PSDB e da Rede, o que não surpreende dada a argumentação pífia que apresentam.
O desequilíbrio retórico atinge tal ponto em abril, prenúncio do auge da crise, em que o governador de São Paulo, à viva voz anuncia que foi o médico Davi Uip a recomendar ao ministro da Saúde, o uso da cloroquina no combate ao coronavírus, que rebate apelando “a governadores que não façam política em cima do medicamento”.
O renomado infectologista confirmado como portador do vírus, se recuperou em uma semana e perguntado por um jornalista, se nega a comentar sobre o medicamento que lhe foi receitado. No entanto, como divulgado posteriormente foi o próprio médico que prescreveu o exitoso remédio. Alvíssaras!
Na mesma toada e ribombar cadenciado extraem-se de uma revista alinhada, as questões formuladas ao eminente jurista Ives Gandra Martins, que hospitalizado, as responde com muita serenidade, equilíbrio e conhecimento.
As perguntas do entrevistador, com destaques desta lavra:
– Bolsonaro tem sido contestado por todos, sobretudo governadores e especialistas em saúde, por recomendar o fim do isolamento social determinado por conta do coronavírus. Como o senhor vê essa postura do presidente?
– O problema é que Bolsonaro, na contramão dos demais líderes mundiais, está minimizando a pandemia do coronavírus, não?
– Quando ele diz que os governadores são lunáticos e a imprensa é histérica, o senhor entende que o presidente esteja sendo irresponsável?
– Ao afirmar que a Covid-19 é uma gripezinha ou um resfriadinho, o presidente faz chacota com a grave crise de saúde?
– Mas o presidente está contrariando a ciência, que manda todo mundo se isolar em casa, não?
– Isso significa dizer que Mandetta e Mourão têm mais credibilidade do que o presidente?
– Como assim, Bolsonaro está pensando mais na reeleição do que em salvar vidas?
– Já há políticos, economistas, juristas e até ministros do STF dizendo que o presidente está perdendo as condições de governabilidade. O senhor acha que há clima para o impeachment?
– A própria população começa a pedir isso, com frequentes panelaços. O senhor acha que esse movimento pode levar ao afastamento do presidente?
– Se houvesse impeachment, o vice-presidente Hamilton Mourão teria condições de governar melhor o País?
– Recentemente, o presidente estimulou seus aliados a pedirem o fechamento do Congresso e do STF. O senhor acha que foi uma atitude irresponsável e que poderia provocar uma ruptura institucional?
– Essas declarações de Bolsonaro contra o Congresso podem atrasar ainda mais as reformas necessárias para a retomada da economia, sobretudo após o coronavírus?
-Dentro do que o senhor chama de estridência do presidente, sabemos que ele é muito influenciado pelo radicalismo dos filhos, como Carlos Bolsonaro, que dirige o gabinete do ódio. O senhor acha que os filhos atrapalham o presidente?
Mas, a avidez por recursos públicos que secaram as fontes de corruptos e alimentandos pela capilaridade paralela que supria as empreiteiras, governantes, meios de comunicação, “projetos culturais” e afins, vai manter essa guerra infamante, como disse o ministro Paulo Guedes, na resposta a um jornalista, “até os últimos dias”.
Observe-se a amplitude que se pretende atingir. A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia protocolou recentemente uma representação no Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o presidente do Brasil pelo cometimento de crime contra a humanidade que afeta a população brasileira face à pandemia do coronavírus.
Como fato histórico, os criminosos nazistas foram os primeiros condenados no citado Tribunal, como exemplar providência. Os criminosos comunistas que também mataram milhões, desde a implantação do marxismo-leninismo, em 1917, na então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, e, mesmo após a Segunda Guerra. Exemplo, Fidel Castro em Cuba, não!
A corrupção que vitimou milhares de crianças, gestantes, trabalhadores e idosos, pelo desvio de verbas destinadas ao saneamento básico e aos hospitais, não levou algum partidário do mesmo grupo a processar esses criminosos junto ao TPI.
Nem um desses, ladrões aos extremos, foi acusado de crime contra a humanidade. Para lamentar e lembrar, o ex-governador do Rio de Janeiro, condenado a 280 anos de prisão.
Além das perguntas capciosas, as manchetes que demonstram a “imparcialidade jornalística”:
– Correndo no calçadão – “Apresentador da Globo é hostilizado no meio da rua no RJ durante quarentena”
– Caminhando no calçadão – “Mulheres são presas por desacato na praia de Icaraí“
Assim, há que se questionar. Em qual lado estão os gabinetes e porões do ódio? A voz das ruas tem dado a resposta e o povão se comunica, contra ou favor, agora mais cerceado pelo portal que limita a um só compartilhamento.
*Ernesto Caruso é Coronel de Artilharia e Estado-Maior, reformado / Texto enviado por Marcelo Simas – Rio de Janeiro (RJ)
MAZOLA
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